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    Em reunião ministerial, governo avalia que dificuldades ocorrem porque Congresso está mais frágil sob Lula, dizem fontes

    Avaliação foi feita à CNN por ministros que participaram do encontro com o presidente da República nesta quinta-feira (15)

    Caio Junqueirada CNN , Em São Paulo

    Participantes da reunião ministerial ocorrida nesta quinta-feira (15) no Palácio do Planalto relataram à CNN que a avaliação de grande parte da equipe é de que as dificuldades políticas envolvendo o governo e o Congresso Nacional se devem ao fato de o Legislativo ter perdido a força que tinha anteriormente.

    A leitura entre alguns ministros é que o Orçamento Secreto acabou e que o Centrão, grupo político que comanda o Congresso, não tem integrantes dentro do Palácio como havia no governo Jair Bolsonaro (PL), com Ciro Nogueira (PP-PI) na Casa Civil e Flavia Arruda na Secretaria de Relações Institucionais.

    A percepção foi a de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é mais forte politicamente do que o de Bolsonaro e que há uma reação do Legislativo a isso, muito embora também tenha havido a análise de que, hoje, é o Judiciário o Poder mais forte da República.

    Um ministro relatou à CNN que o Congresso está em busca do “poder perdido”, o que tensiona a relação.

    Outro ministro relatou que, na sua percepção, a reunião teve três pontos principais: respaldar o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, na articulação política; falar do bom momento da economia; e cobrar o Banco Central e Roberto Campos Neto sobre o patamar dos juros.

    Houve a leitura também, segundo relatos do primeiro escalão de Lula à CNN, que o país permanece dividido e que essa polarização ajuda a tensionar na relação com o Congresso.

    Além desse aspecto político, avaliou-se ainda que o governo passa por um bom momento na economia, com inflação menor e previsão de crescimento do PIB acima do esperado.

    A perspectiva positiva da economia feita pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings também foi muito mencionada na reunião, segundo participantes.

    Constatou-se que “azeitar a política” é algo obrigatório para que o bom momento econômico seja atravessado sem ameaças de crises políticas.

    Segundo um ministro disse à CNN, o presidente Lula ouviu todas as falas e fez poucas intervenções, deixando para fechar com uma fala final na qual disse ser importante organizar a agenda e conversar com os ministros da área da comunicação.

    Ainda segundo relatos dos participantes, Lula disse ainda que compreende que pode haver eventuais indisposições com o Alexandre Padilha, mas que, por vezes, o próprio Padilha irá ligar para os ministros para fazer cobranças das demandas dos parlamentares.

    Lula também aproveitou sua fala final para criticar o Banco Central. Disse que, se o órgão não baixar a taxa de juros, será necessário que o Senado comece também a fazer críticas.

    O presidente teria dito ainda não acreditar que sejam meramente técnicas as decisões recentes de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano.

    A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, foi a única a apresentar um filme de sua gestão, no que foi considerado por ministros como uma despedida dela da função.

    Padilha e Haddad

    Mais cedo, a CNN mostrou que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, cobrou na reunião ministerial desta quinta-feira (15) que os ministros deem andamento a nomeações, disseram fontes do Palácio do Planalto à CNN.

    Ainda segundo essas fontes, Padilha foi um dos primeiros a falar e mencionou o que considera uma situação contraditória: um governo de craques, “com Pelé e Tostão” à frente do time — uma alusão ao presidente Lula e ao vice Geraldo Alckmin (PSB) —, com ministérios chefiados por pessoas experientes, mas que acaba prevalecendo uma imagem de um governo alheio ao Parlamento.

    O ministro dos Transportes, Renan Filho, teria mencionado que o clima está tão bom na economia que até Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, têm defendido a redução da taxa de juros juntos.

    No encontro, enquanto Haddad falava sobre o novo programa automotivo, Lula teria dito a Alckmin que o programa do carro novo deve ser prorrogado porque “está um sucesso”.

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