Mundo bate recorde com 110 milhões de pessoas deslocadas à força, diz ONU
Relatório da ONU mostra que conflitos no Afeganistão, Síria e Ucrânia levaram a grande aumento no número de pessoas forçadas a abandonar suas casas
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) divulgou um relatório confirmando que o mundo tem mais de 110 milhões de pessoas deslocadas, um recorde histórico.
Para efeitos de comparação, esse número equivale a cerca de metade da população brasileira.
Segundo o documento Tendências Globais do Deslocamento Forçado, divulgado nesta quarta-feira (14), os conflitos na Ucrânia, no Afeganistão e na Síria, além da recente guerra civil no Sudão, levaram a um grande aumento no número de deslocados e refugiados.
Os dois grupos envolvem pessoas que foram forçadas a deixar seus lares, mas os deslocados continuam em seus países, enquanto os refugiados atravessam as fronteiras para buscar ajuda em outras nações.
No caso da Ucrânia, por exemplo, estima-se que mais de oito milhões de pessoas tenham deixado o país em busca de refúgio, enquanto outros seis milhões foram deslocados internamente.
A ACNUR lembra, no entanto, que não são apenas as guerras que forçam as pessoas a se deslocar. Fatores como discriminação, violência política, pobreza e as mudanças climáticas também forçam esses deslocamentos em muitos casos.
“É uma revelação e tanto sobre o estado do nosso mundo ter que relatar isso”, lamentou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.
Segundo o relatório, nas duas décadas anteriores ao conflito na Síria, que começou em 2011, o nível global ficou praticamente estável em cerca de 40 milhões de refugiados e deslocados internos. Mas o número aumentou dramaticamente desde então.
Apenas de 2021 para 2022, houve um aumento de mais de 19 milhões de pessoas nessas situações.Agora, uma em cada 74 pessoas está agora deslocada, apontou o relatório.