Fazenda vê crescimento do PIB acima de 2,4% em 2023, dizem fontes
Mesmo que a economia fique estagnada nos próximos trimestres, efeito estatístico já levaria a expansão da economia para a faixa dos 2,4%
O Ministério da Fazenda avalia que a economia brasileira poderá crescer mais de 2,4% em 2023. No mês passado, a Secretaria de Política Econômica (SPE) já havia atualizado sua estimativa oficial de crescimento do PIB neste ano para 1,9% — ante projeção de 1,6% em março.
De acordo com fontes do ministério ouvidas pela CNN, entretanto, os dados positivos da economia relativos ao primeiro trimestre estão provocando um ajuste para cima das expectativas no governo e no próprio mercado.
Se houver variação zero do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos três trimestres, na comparação com o período janeiro-março, apenas o “carry over” — efeito estatístico — já levaria o crescimento para a faixa dos 2,4% neste ano, segundo cálculos da Fazenda.
Oficialmente, as novas estimativas só devem sair em julho. A equipe de Fernando Haddad ainda quer observar uma série de indicadores antecedentes da economia, mas acredita que medidas para estimular a concessão de crédito empresarial e para reduzir a inadimplência das famílias podem elevar esse percentual.
Na semana passada, o governo publicou a medida provisória que institui o programa Desenrola — responsável pelo refinanciamento de dívidas, com garantias do Tesouro Nacional, para famílias com renda de até dois salários mínimos e devem até R$ 5 mil.
Além disso, um pacote pró-crédito foi lançado pela Fazenda em abril, mas algumas medidas ainda dependem do avanço de projetos de lei — como o novo marco legal das garantias, que está em tramitação no Senado.
Para técnicos do ministério, as previsões do mercado financeiro devem se ajustar gradualmente na direção dos 2,4% de crescimento do PIB. Um sinal disso foi o Boletim Focus desta segunda-feira (12), divulgado pelo Banco Central, que mostrou uma estimativa de expansão de 1,84% para a economia brasileira.
Há uma semana, a projeção era de 1,68%. O aumento real do salário mínimo, que foi de R$ 1.302 para R$ 1.320, e a queda da inflação também são fatores positivos citados pela equipe econômica.
Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o IPCA caiu para 3,94% acumulados em 12 meses — patamar mais baixo desde outubro de 2020. Isso reforçou a expectativa pelo início do ciclo de cortes da taxa Selic entre agosto e setembro.
O IBGE também anunciou um crescimento de 1,9% do PIB no primeiro trimestre, na comparação com o quarto trimestre de 2022, e de 4% em relação ao mesmo período do ano passado. Os números surpreenderam o mercado, principalmente pela expansão da agropecuária, que registrou alta de quase 20% na comparação anual.