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    Desmatamento no Cerrado cresce 32% em 2022, aponta relatório do Ipam

    Foram desmatados cerca de 659 mil hectares do bioma no ano passado

    Do Estadão Conteúdo

    O desmatamento no Cerrado atingiu cerca de 659 mil hectares em 2022. O índice representa um aumento de 32,4% em comparação com o ano anterior, quando foram desmatados 498 mil hectares. Os dados do MapBiomas Alerta, publicados no Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

    Essa é a maior área desmatada registrada pelo MapBiomas Alerta no Cerrado, desde o início do monitoramento pelo projeto, em 2019, segundo o Ipam. A área total desmatada em 2022 no bioma representa quase um terço da supressão da vegetação nativa no país (32,1%).

    No Cerrado, a Bahia foi o estado que mais desmatou no ano passado, com mais de 157 mil hectares derrubados, um aumento de 67,8% em relação a 2021. O Maranhão, que liderou a lista em 2020 e 2021, desmatou cerca de 152 mil hectares e ficou em segundo lugar. No Piauí, o desmatamento aumentou 137% em relação a 2021, o maior aumento entre todos os Estados, totalizando cerca de 136 mil hectares desmatados.

    O levantamento também mostra que é na região do Matopiba – composta por áreas dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – que se concentra a maior parte do desmatamento no Cerrado, cerca de 77,7%. Foram mais de 512 mil hectares desmatados no ano passado, relatou o Ipam.

    Cerca de 708 municípios do Cerrado registraram pelo menos um evento de desmatamento em 2022 e a lista dos 10 maiores desmatadores é dominada por cidades do oeste baiano, sul do Maranhão e no sudoeste do Piauí, localizados na região do Matopiba.

    O município de São Desidério, no oeste baiano, um dos principais produtores de soja e algodão do Brasil, lidera o ranking, tendo desmatado mais de 36 mil hectares no ano passado. Formosa do Rio Preto (33.416 ha), Balsas (27.854 ha), Uruçuí (23.745 ha) e Jaborandi (20.665 ha), completam as cinco primeiras posições do ranking.

    A pesquisadora do Ipam Roberta Rocha disse no comunicado que “essa região abriga grandes produtores de soja, milho e algodão. Este cenário, em conjunto com a expansão de novas áreas para agricultura e pastagem, e a deficiência de ações de fiscalização por parte dos órgãos ambientais, contribui para a concentração do desmatamento nesta região. Essa destruição da vegetação nativa tem impactos na biodiversidade, no abastecimento dos corpos hídricos e nas comunidades tradicionais, que necessitam de um ambiente equilibrado.”

    O relatório também aponta que quase 99% do desmatamento detectado no Cerrado apresenta algum indício de irregularidades. A observação foi feita cruzando dados das autorizações de desmatamento com as coordenadas de reservas legais, áreas de proteção permanente, nascentes e áreas protegidas. Apenas 1,2% dos alertas não apresentaram irregularidades.

    O pesquisador do Ipam, Dhemerson Conciani, explicou na nota que “para reduzir o desmatamento no Cerrado, precisamos de ações integradas por meio do fortalecimento dos órgãos de comando e controle, além da ampliação da fiscalização e da implementação de punições severas contra grileiros e desmatadores ilegais, levando a autuações e ao embargo dessas área”.

    O pesquisador também ressaltou a necessidade de uma atuação mais eficiente na proteção do Cerrado e de seus habitantes, assim como a necessidade de posicionamentos claros do setor privado.

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