Unipar faz nova proposta para aquisição da Braskem
Desta vez, a operação prevê pagamento parcial dos bancos credores e uma renegociação para o saldo da dívida remanescente; há possibilidade da Novonor, atual controladora, continuar com uma participação minoritária indireta na Braskem
A Unipar, controlada pela família Geyer, apresentou uma nova proposta não vinculante para compra indireta do controle acionário da Braskem, atualmente sob controle da Novonor (ex-Odebrecht). A empresa já tinha feito uma oferta em julho do ano passado.
Desta vez, a operação prevê o pagamento parcial dos bancos credores e uma renegociação para o saldo da dívida remanescente. Além disso, há a possibilidade de a Novonor continuar com uma participação minoritária indireta na Braskem.
A proposta da Unipar é a segunda em menos de um mês pela Braskem. No fim de maio, a gestora americana Apollo, em conjunto com a estatal árabe Adnoc, fez uma proposta de R$ 37,5 bilhões pelas ações da petroquímica. Mas a Novonor recusou. De acordo com a oferta, cada ação seria vendida por até R$ 47.
Agora, de acordo com a nova proposta, a Unipar fará uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para acionistas minoritários da Braskem detentores de ações ordinárias e das ações preferenciais classe A e classe B, bem como uma oferta para a aquisição de até a totalidade das ações preferenciais classe A representadas por ADRs e listadas na New York Stock Exchange (NYSE).
Ambas as ofertas seguirão as mesmas condições fechadas com a Novonor. Segundo fato relevante divulgado, a Unipar vai negociar a participação da Petrobras na operação em outro momento, “buscando um formato satisfatório para todas as partes envolvidas”.
Estatal
Para o presidente do conselho da Unipar, Bruno Uchino, a proposta prevê um equilíbrio entre os interesses e as necessidades da Novonor, Petrobras, acionistas minoritários e bancos credores da Braskem.
“Temos uma postura de composição que resulta de mais de um ano de estudos e considerações, até chegarmos ao formato atual, que representa a melhor alternativa em um cenário com tantos stakeholders (partes interessadas). Agora, passaremos à fase de discussão com todos os envolvidos, como é esperado em uma operação desse porte”, diz Uchino.
A Unipar ainda destaca que o evento geológico em Alagoas tem papel central nas negociações – os passivos estão provisionados nas demonstrações financeiras da Braskem.
“A Unipar espera haver a negociação final de uma solução, de forma satisfatória a todos os agentes públicos e partes relacionadas e que atenda plenamente as comunidades e pessoas atingidas”, afirma em nota.
Em 2018, a extração de sal-gema pela Braskem provocou um abalo sísmico em cinco bairros de Maceió, que deixou rachaduras em milhares de imóveis e abriu crateras em ruas da cidade, forçando mais de 55 mil pessoas a deixarem suas casas.
A Unipar foi criada em 1946, com o projeto da refinaria e exploração de petróleo União, em Capuava, no ABC paulista. Hoje, a empresa é controlada pela Vila Velha Administração e Participações, que detém 57,8% das ações. O investidor Luiz Barsi Filho detém 13,9% das ações da companhia. A petroquímica tem três unidades, localizadas em Cubatão (SP), Santo André (SP) e Bahía Blanca (Argentina). Também tem participação na Solalban, empresa de geração de energia na Argentina.