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    Entenda a perícia da PF que avaliou joias sauditas em R$ 5,08 milhões

    Item mais caro do conjunto é o colar de diamantes, avaliado em mais de R$ 3 milhões

    Elijonas Maiada CNN , Em Brasília

    Quatro peritos criminais federais do Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal se debruçaram durante um mês e meio para periciar o pacote de joias que teriam sido presenteadas pela Arábia Saudita ao governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL).

    O trabalho foi feito pelo Setor de Perícia em Geologia, especializado na avaliação de pedras preciosas, em Brasília.

    O total do pacote, que contém um colar, um relógio, brincos e anel, foi de R$ 5.086.541,34, de acordo com laudo elaborado. A CNN teve acesso às informações do documento.

    O colar, com 2.061 diamantes, é a peça considerada a mais valiosa: R$ 3.365.689,00. Cada diamante tem o valor, em média, de R$ 1.633,00.

    O relógio da marca Chopard foi avaliado em R$ 935.957,00.

    A perícia do INC apontou também que o anel cravejado com 135 diamantes tem o valor de R$ 151.797,78.

    O laudo detalha, ainda, que os brincos têm 396 diamantes e valem R$ 633.097,56. Em média, cada diamante tem valor de R$ 1,6 mil.

    De acordo com fontes ouvidas pela CNN, a perícia realizou um trabalho de “microvestígios”, que considera a análise individual dos mais de 2 mil diamantes do colar, desde a produção. Essa foi a fase que levou mais tempo.

    “ (O tempo de análise) depende do tipo de joias. A quantidade de gemas, o estado dos diamantes. É preciso analisar item por item, cada gema é uma análise”, detalhou uma fonte.

    Após a checagem do valor de cada gema é feita a soma do valor do conjunto. No trabalho também são considerados os valores informados pela própria joalheria aos peritos. Na avaliação do relógio, até o maquinário também foi levantado.

    No início de maio, dois peritos da PF participaram, na Suíça, do Workshop on Gold Traceability, promovido pela Universidade de Lausanne, e aproveitavam para visitar a fábrica da Chopard, que criou o relógio que faz parte do conjunto entregue ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    No país europeu, os peritos conversaram e trocaram informações sobre a produção do objeto valioso.

    O laudo ficou pronto na última terça-feira (6) e foi incluído no inquérito que corre sob sigilo na Polícia Federal de São Paulo. A PF investiga a entrada ilegal do conjunto de joias no Brasil, já que as peças não foram declaradas, conforme exige a legislação.

    Valores pós-perícia
    Colar R$ 3.365.689,00 (R$ 1.633,00 cada diamante, em média)
    Relógio R$ 935.957,00
    Brincos R$ 633.097,56
    Anel R$ 151.797,78
    Total: R$ 5.086.541,34

    Entenda o caso

    As joias foram dadas à comitiva brasileira em outubro de 2021, quando uma equipe do ex-ministro de Minas e Energia visitou a Arábia Saudita. A comitiva tentou entrar no Brasil sem declarar os itens valiosos e foram apreendidos pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos (SP). O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

    Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que teria tomado conhecimento dos presentes um ano após o recebimento por parte do Ministério de Minas e Energia e retenção pela Receita Federal. Bolsonaro, no entanto, afirmou que não se recorda sobre quem o informou.

    Além disso, o ex-presidente disse que acionou o seu ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, para ter mais informações sobre o caso — e essa teria sido sua “única ordem” sobre o assunto. Bolsonaro nega qualquer irregularidade.

    A PF investiga a participação de servidores da Presidência e da Receita Federal na tentativa de liberação das joias da alfândega.

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