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    Desafio da poluição em Nova York é rotina em metrópoles asiáticas

    Incêndios florestais no Canadá sufocam a maior cidade dos EUA, mas ar poluído é rotina em grandes cidades do mundo

    Fumaça vinda do Canadá cobriu os céus de Nova York
    Fumaça vinda do Canadá cobriu os céus de Nova York Spencer Platt/Getty Images

    Jessie Yeungda CNN em Hong Kong

    Há dias, as imagens de Nova York sufocando na fumaça vêm surpreendendo os Estados Unidos, enquanto moradores lutam para lidar com o desafio desconhecido da forte poluição do ar.

    A fumaça, provocada por incêndios florestais no Canadá, levou as autoridades a alertar sobre a baixa qualidade do ar na costa leste e as pessoas voltaram a usar máscaras faciais N95, amplamente abandonadas desde a pandemia da Covid-19. Nas redes sociais, as pessoas compartilham fotos da cena “apocalíptica” e dicas para minimizar os riscos à saúde.

    Com exceção dos estados da costa oeste — como a Califórnia —, que sofrem incêndios florestais anuais, essas cenas são raras nos Estados Unidos.

    Do outro lado do mundo, no entanto, lutar contra a poluição não é novidade. E a intensa poluição do ar causada por fumaça nociva, gases e produtos químicos industriais — que sufoca muitas das principais cidades da Ásia durante grande parte do ano — pode se tornar a norma para muitas outras em todo o mundo à medida que a crise climática piora.

    No ano passado, seis das 10 cidades mais poluídas do mundo estavam na Índia, segundo a rede de monitoramento IQAir. Pesquisadores estimam que o ar poluído pode estar reduzindo a expectativa de vida de centenas de milhões de indianos em até nove anos; acredita-se que a poluição do ar tenha causado quase 1,6 milhão de mortes no país só em 2019.

    A capital Nova Déli é regularmente envolta em poluição por conta de vários fatores — incluindo emissões de veículos, usinas movidas a carvão e a prática anual de queimar campos agrícolas para preparar a terra para a próxima safra.

    Isso significa que seu povo está exposto a altos níveis de material particulado fino, ou MP2.5 — um indicador amplamente usado de poluição do ar nociva. Esse poluente minúsculo é altamente perigoso; quando inalado, pode penetrar profundamente no tecido pulmonar e entrar na corrente sanguínea, e tem sido associado a problemas de saúde, incluindo asma e doenças cardíacas.

    Ele vem de fontes como a combustão de combustíveis fósseis, tempestades de poeira e incêndios florestais — o que significa que Nova York agora está sufocada pelo poluente.

    Os níveis de MP2.5 em Nova York atingiram o pico na tarde de quarta-feira (7), com 303,3 microgramas por metro cúbico. Para comparação, as diretrizes da Organização Mundial da Saúde recomendam um limite de nível médio anual de 5 microgramas por metro cúbico; Londres mediu 9,4 microgramas por metro cúbico na quarta-feira, e Hong Kong mediu 21 microgramas por metro cúbico, ambos com segurança dentro da faixa “boa” do IQAir.

    Muitos países do Sudeste Asiático também estão familiarizados com as perturbações da vida cotidiana que a poluição do ar pode trazer, especialmente durante a estação anual de queima de restolho, quando os agricultores ateiam fogo à palha deixada no campo após a colheita dos grãos.

    Em 2019, o ar ficou tão ruim na Malásia que dezenas de estudantes adoeceram e vomitaram, o que levou ao fechamento de mais de 400 escolas em todo o país do sudeste asiático.

    Apenas alguns meses depois, a Malásia foi novamente coberta por uma densa névoa que veio de incêndios florestais em grande escala na vizinha Indonésia, supostamente motivados pela limpeza da terra para a produção de papel e óleo de palma.

    Mais recentemente, a cidade de Chiang Mai, no norte da Tailândia, conquistou o título nada invejável de cidade mais poluída do mundo por, pelo menos uma semana seguida em abril, devido à fumaça de incêndios florestais e queimadas em outras partes da região. Inúmeras pessoas procuraram atendimento médico para problemas respiratórios, incluindo asma e falta de ar. Um hospital disse que as enfermarias estavam tão cheias que tiveram que recusar alguns pacientes.

    Mas, talvez, a cidade mais conhecida por sua poluição — e que conseguiu mudar as coisas com mais sucesso — seja Pequim.

    Durante anos, os moradores da capital chinesa respiraram ar poluído diariamente. Isso culminou no infame “apocalipse do ar” de 2013, quando o índice de qualidade do ar atingiu 755, quebrando o que deveria ser o topo da escala, em 500, segundo a Embaixada dos EUA em Pequim — que mantinha um monitor diário da qualidade do ar. Essa alta histórica significava que o ar estava muito perigoso, forçando os residentes a se fecharem em casa, usarem máscaras com filtro e ligarem os purificadores de ar no máximo.

    O evento atraiu a atenção da mídia global e forçou a questão para o mainstream da China. Logo depois, a China lançou uma ampla campanha antipoluição, fechando minas e usinas de carvão, estabelecendo estações de monitoramento do ar em todo o país e lançando novas regulamentações.

    Ainda há problemas — a China voltou a usar carvão nos últimos anos, construindo rapidamente novas usinas de energia, mesmo quando mais e mais países buscam energia renovável —, mas a melhoria na capital é inegável. Em 2021, Pequim registrou sua melhor qualidade mensal do ar desde o início dos registros em 2013; as fotos agora mostram, principalmente, céus azuis na cidade.

    É um sinal encorajador e uma evidência de que as políticas e os investimentos certos podem ajudar a melhorar a qualidade do ar. Mas, alertam cientistas e especialistas, há mais desafios no horizonte que mesmo cidades com ar normalmente bom, como Nova York, não podem escapar.

    A mudança climática causada pelo homem exacerbou as condições quentes e secas, que permitem que os incêndios florestais comecem e cresçam.

    Cientistas relataram recentemente que milhões de acres queimados por incêndios florestais no oeste dos EUA e no Canadá — uma área aproximadamente do tamanho da Carolina do Sul — podem ter sido motivados pela poluição de carbono das maiores empresas de combustíveis fósseis e cimento do mundo.

    O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, apontou para “os impactos devastadores das mudanças climáticas” em um comunicado na quarta-feira, após falar com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre como apagar os incêndios em Quebec.

    A imagem do prédio das Nações Unidas em Nova York, quase invisível através da fumaça laranja, “é a imagem perfeita de como os líderes mundiais falharam em deter a crise climática”, escreveu o cientista e defensor do clima Lucky Tran na quarta-feira no Twitter.

    Em outro post, ele disse que “hoje, os nova-iorquinos e os habitantes da costa leste estão experimentando esse impacto em primeira mão.”

    Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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