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    Corretoras esperam inflação menor e falam em corte de juros em agosto

    Mercado financeiro abriu uma leva de revisões das projeções para 2023 nesta quarta-feira depois que o dado do IPCA de maio apontou para uma desaceleração forte

    Juliana Eliasda CNN , São Paulo

    Engrossando o coro de bancos e casas de análise do mercado financeiro, diversas corretoras também estão refazendo suas contas nesta quarta-feira (7) e revisando projeções para inflação e juros em 2023, depois de a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio, nesta manhã, mostrar uma inflação mais fraca do que era esperado e em rápida desaceleração.

    “Nossa perspectiva é que, com a desaceleração observada, além da melhor perspectiva fiscal após a aprovação do arcabouço fiscal no Congresso, o Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central] possa cortar os juros na reunião de agosto”, afirmou a Órama Investimentos em relatório.

    A corretora reduziu sua projeção para a inflação de 2023 de 6% para 5,4%, o que, em sua análise, deixa o cenário mais confortável para que o Banco Central possa começar a reduzir a Selic, a taxa básica de juros da economia, já nas próximas reuniões.

    O Copom, corpo do BC que define a taxa Selic, se reúne a cada 45 dias para decidir se corta, mantem ou sobe os juros básicos.

    Sua próxima reunião será nos dias 20 e 21 de junho. O encontro de agosto, nos dias 1 e 2, é o imediatamente seguinte, e cresce o coro daquele que acham que, ali, os juros, hoje em 13,75%, já podem começar a cair.

    “Em junho, pelos comunicados, novas sinalizações devem ser dadas [pelo Copom], numa “suavização” no que será feito a partir de agosto”, escreveu a corretora e gestora Mirae Wealth Asset Management em relatório.

    A casa cortou sua projeção para o IPCA ao fim de 2023 de 5,6% para 5,2%.

    Mesmo sob alguns primeiros sinais de desaceleração dos preços nos últimos meses e a crença de uma parte dos economistas de que os juros já poderiam ser cortados, o BC seguiu sendo duro em comunicados e documentos sobre o futuro da Selic, afastando dos mais entusiastas a expectativa por um corte precoce.

    Mercado de trabalho forte e diversas pressões inflacionárias “escondidas” no índice de preços oficial, como a inflação dos serviços, estão entre os principais fatores que vinham sendo usados pelo Banco Central para sustentar a sua decisão rígida acerca da manutenção da Selic em um patamar alto.

    “O IPCA de maio indica uma desinflação mais forte em curso, com a composição mostrando uma leitura bem positiva (…) e evidenciando que a política monetária mais restritiva finalmente está atingindo as métricas da inflação subjacente”, diz a análise da Genial Investimentos.

    A inflação subjacente, ou núcleos de inflação, são medidas estatísticas que retiram da conta do IPCA “oficial” a influência de variações de preços muito fortes e atípicas, como a flutuação de passagens aéreas ou itens que passaram por desonerações muito fortes, como foi com os combustíveis no ano passado.

    Com isso, revela uma inflação bem mais próxima da realidade das pessoas e da economia do país no dia a dia.

    Desde o ano passado esses núcleos vieram rodando consistentemente acima de 7% mesmo quando o resultado oficial da inflação já tinha caído abaixo de 5%.

    “Os dados promissores de inflação abrem espaço para cortes de juros por parte do Banco Central neste ano, cenário que começa a se tornar possível mesmo com alguns focos de inflação mais alta”, acrescentou a Genial.

    A corretora pondera, porém, que seria ideal e mais cauteloso por parte do BC segurar o início dos cortes na Selic até setembro, em meio ao processo em curso de troca de sua diretoria e às pressões inflacionárias que ainda sobraram.

    “O Banco Central teria que ser muito cuidadoso com a sua comunicação para não sofrer nenhuma perda de credibilidade”, diz a Genial.

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