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    Ataque que sofri de Lula foi uma afronta à democracia, diz Juan Guaidó à CNN

    Brasileiro chamou opositor venezuelano de "impostor"; encontro do presidente do Brasil e Nicolás Maduro causou reação adversa em alguns países da América do Sul

    Daniel Rittnerda CNN , Em Brasília

    Durante encontro com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, na segunda-feira (29), o chefe de Estado brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamou o principal opositor venezuelano, Juan Guaidó, de “impostor”. Em entrevista exclusiva à CNN nesta terça-feira (30), Guaidó afirmou que o ataque é uma “afronta à democracia”.

    Ele também classificou como um problema o convite para que Maduro participasse de uma cúpula com outros presidentes sul-americanos em Brasília, havendo “promoção e incentivo à impunidade”.

    Na entrevista à CNN, Guaidó destacou que há presos políticos na Venezuela e que “milhões de lares” no país “não têm acesso à energia elétrica”. Ele pontuou ainda haver censura do governo.

    O opositor se autodeclarou presidente da Venezuela em 2019, tendo sido reconhecido por parte da comunidade internacional, como Estados Unidos, União Europeia e até o Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

    Sobre isso, Guaidó disse que “houve uma eleição que foi livre, justa, que não é uma eleição que favoreceu uma cor ou outra”.

    Assim, avaliou que “a oposição à ditadura de Maduro” precisa ser reafirmada com a força dos presidentes, incluindo a não receptividade a Maduro nos outros países da América do Sul.

    Por fim, lamentou novamente o ataque sofrido por Lula e afirmou que, sobre eleições anunciadas por Nicolás Maduro, é preciso acompanhar de perto e aproximar a comunidade internacional. Destacou, assim, que é preciso que, além de “tribunal internacional”, a ONU e a União Europeia ajam.

    A CNN procurou o Palácio do Planalto e aguarda retorno.

    Reunião com autoridades e críticas ao encontro com Maduro

    O presidente Lula recebeu diversas autoridades sul-americanas nesta terça-feira (30) em uma cúpula em Brasília. Entre eles, estava Maduro, presidente da Venezuela.

    O brasileiro já havia afirmado, em encontro com Maduro na segunda-feira (29), que a Venezuela é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.

    “Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, disse.

    Assim, cabe ao país “mostrar a sua narrativa para que as pessoas possam mudar de opinião”.

    Entretanto, a fala foi criticada pelos presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do UruguaiLuis Alberto Lacalle Pou. Sem citar o nome de Lula, Lacalle Pou se disse “surpreso” com a fala e afirmou que “sabem o que pensamos a respeito da Venezuela e ao governo da Venezuela”.

    Já o líder chileno, Gabriel Boric, disse que não se trata de uma narrativa, mas de “uma realidade séria”. A situação também piorou o clima no Congresso Nacional em uma semana decisiva para o governo, quando são apreciadas medidas provisórias importantes para a administração federal.

    Sobre a repercussão negativa, Lula destacou nesta terça-feira (30) que “ninguém é obrigado a concordar com ninguém”.

    “Maduro é um presidente que faz parte do continente nosso, desse pedaço do continente americano. E o Maduro foi convidado, e houve muito respeito com a participação, inclusive com os presidentes que fizeram críticas, fazendo críticas no limite da democracia”, afirmou Lula.

    *Publicado por Tiago Tortella, da CNN

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