“Nenhum dos dois querem conversar sobre paz”, diz Lula sobre Rússia e Ucrânia
Presidente da República afirmou ser crítico à invasão do espaço territorial ucraniano pelos russos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, nesta terça-feira (30), no encerramento da cúpula dos presidentes da América do Sul, que, no momento, a Rússia e a Ucrânia não desejam conversar sobre paz no conflito que acontece no Leste Europeu.
“Todo mundo sabe que o Brasil é muito crítico à invasão do espaço territorial da Ucrânia pela Rússia. Todo mundo sabe. E, por isso, que o Brasil está no chamado bloco que quer paz. Tanto que tem discutido com a China, com a Índia e com a Indonésia para ver se a gente cria um grupo. E, no momento que os países que estão em guerra quiserem conversar sobre paz, a gente vai conversar sobre paz”, afirmou Lula.
“Por enquanto, o que eu sei é que nenhum dos dois querem conversar sobre paz. Eu já pedi para o Celso Amorim, como meu enviado especial, ir à Rússia. Ele foi à Rússia. Depois, eu pedi para ele ir à Ucrânia. Ele foi à Ucrânia. E o relato é o seguinte: os dois, cada um está achando que vai ganhar. Ninguém quer abrir mão. Eu espero que, um dia, a gente tenha uma fresta que a gente possa falar: ‘Agora é a hora da paz’. É a hora que a gente para de matar, pare de atirar e comece a conversar”, continuou.
Em sua viagem à Rússia, no começo de abril, Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, disse à CNN que não estão “totalmente fechadas” as portas para uma negociação de paz com o país.
“Dizer que as portas estão abertas [para uma negociação de paz] seria exagero, mas dizer que elas estão totalmente fechadas também não é verdade”, explicou Amorim à CNN.
“Não há solução mágica [para interromper o conflito]. Mas haverá um momento em que, de um lado ou de outro, surgirá uma percepção de que o custo da guerra — não só o custo político, mas humano e econômico — será maior que o custo das concessões necessárias para a paz”, prosseguiu o enviado brasileiro.
Amorim continuou: “Minha sensação é de que esse momento ainda não chegou, mas pode chegar mais rápido do que se pensa. E, aí, a existência de um grupo de países neutros pode ajudar”.
No começo de maio, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, expressou a Amorim, durante a viagem, que o único plano capaz de parar a guerra no país é a “formula ucraniana”.
Em publicação no Twitter, Zelensky ainda citou que discutiu com o enviado brasileiro a possibilidade da realização de uma cúpula Ucrânia-América Latina e que está ansioso para continuar as discussões com Lula e recebê-lo na Ucrânia.
Desde o início da guerra, o líder ucraniano descarta abrir mão dos territórios ocupados pela Rússia, como a península da Crimeia e os oblasts (províncias ou regiões) de Donetsk e Luhansk, para alcançar um cessar-fogo. Ele exige a retirada total das tropas russas dos territórios ocupados no início do ano passado, bem como da Crimeia.