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    Novos produtos e informações enganosas ameaçam conquistas contra o tabaco, diz Opas

    Porcentagem de consumo de tabaco nas Américas caiu de 28% para 16,3% entre 2000 e 2020, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    Cigarros, tabaco sem fumaça, dispositivos eletrônicos com diferentes essências e aromas. Ao longo das décadas, o tabagismo se apoia na inovação como método para despertar e manter o vício em pessoas de todo o mundo.

    A porcentagem de consumo de tabaco nas Américas caiu de 28% para 16,3% entre 2000 e 2020, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). No entanto, novos produtos e informações enganosas da indústria do tabaco, especialmente voltados para os jovens, ameaçam anular essas conquistas, segundo a Opas.

    Às vésperas do Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado nesta quarta-feira (31), o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, cobrou políticas eficazes dos países para a proteção especialmente dos mais jovens, que representam 11% do consumo no continente.

    “A indústria do tabaco e seus aliados não descansam. Atualmente, eles divulgam muitas informações enganosas que promovem, especialmente entre os jovens, o uso de cigarros eletrônicos e produtos de tabaco aquecidos”, disse Barbosa em comunicado da Opas.

    “Embora oito países da região tenham proibido a comercialização de cigarros eletrônicos e quatro de produtos de tabaco aquecidos, estamos preocupados com o fato de 14 países ainda não terem tomado nenhuma medida regulatória a esse respeito”, acrescentou.

    A indústria do tabaco leva à morte de 8 milhões de pessoas em todo o mundo a cada ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nas Américas, o número de vítimas chega a um milhão, uma morte a cada 34 segundos, de acordo com a Opas. O uso do tabaco é associado a 15% das mortes por doenças cardiovasculares, 24% dos óbitos por câncer e 45% de vidas perdidas por doenças respiratórias crônicas.

    Riscos do cigarro eletrônico

    Popularmente chamados de “vapes”, os vaporizadores ou produtos de tabaco aquecido não são produtos inofensivos ao organismo humano, apesar da premissa de que eles não contêm substâncias como monóxido de carbono, alcatrão, entre outros compostos provenientes da degradação e combustão do tabaco.

    De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), estudos mostram que os níveis de toxicidade podem ser tão prejudiciais quanto os do cigarro tradicional, já que combinam substâncias tóxicas com outras que muitas vezes apenas mascaram os efeitos danosos. Dentre essas substâncias tóxicas, estão presentes metais pesados, como chumbo, ferro e níquel, de acordo com o Ministério da Saúde.

    A Sociedade Brasileira de Tisiologia e Pneumologia (SBPT) divulgou um comunicado em que se posiciona contrária à utilização dos cigarros eletrônicos. Estudos científicos mostram que o uso dos produtos está diretamente ligado ao surgimento de várias doenças respiratórias, gastrointestinais e orais, além de causar dependência e estimular o uso dos cigarros convencionais.

    “Os dispositivos eletrônicos para fumar são uma ameaça à saúde pública, porque representam uma combinação de riscos: os já conhecidos efeitos danosos à saúde e o aumento progressivo do seu uso no país. Em especial, esses dispositivos atraem pessoas que nunca fumaram, persuadidas pelos aromas agradáveis, sabores variados, ‘inovação tecnológica’ e estigmas de liberdade”, afirma a SBPT, em nota.

    Para enfrentar a crescente ameaça à saúde representada por esses produtos, o diretor da Opas cobra a implementação de políticas públicas voltadas para a prevenção e conscientização.

    Avanços no combate ao tabagismo

    Nas últimas décadas, os países das Américas empenharam avanços na prevenção e combate ao tabagismo. Segundo a Opas, 96% da população de 35 países da região está protegida por pelo menos uma das seis medidas recomendadas de controle do tabaco.

    Em 2020, a América do Sul se tornou a primeira sub-região livre de fumo nas Américas. Nesse contexto, há uma proibição total de fumar em locais públicos fechados, locais de trabalho e no transporte público. Como resultado, 63% da população das Américas, o que equivale a mais de 600 milhões de pessoas, estão protegidas da exposição à fumaça do tabaco.

    “Essas conquistas nos permitem ter confiança de que a região das Américas atingirá a meta de redução de 30% na prevalência do uso de tabaco em pessoas com mais de 15 anos de idade até 2025, estabelecida no Plano de Ação Global da OMS para a Prevenção e Controle de Doenças Não Transmissíveis”, disse Barbosa.

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