Premiê da Espanha antecipa eleição nacional após derrotas em disputas regionais
Votação será em 23 de julho; expectativa era que Pedro Sánchez adiasse até a data limite, em dezembro
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, dissolveu o parlamento e convocou, nesta segunda-feira (29), as eleição gerais para 23 de julho. A decisão foi tomada após seu governo de coalizão de esquerda sofrer derrotas significativas nas disputas regionais no domingo (28), perdendo terreno para os conservadores.
Sánchez havia dito em diversas ocasiões que pretendia cumprir um mandato completo no cargo e que as eleições seriam realizadas em dezembro, próximo ao final de sua presidência rotativa da União Europeia, que começa em 1º de julho.
É altamente incomum que um governo espanhol convoque uma votação antecipada após um desempenho ruim em uma eleição regional, e não ficou claro o que levou à decisão de convocar uma eleição nacional.
“Embora as eleições de ontem tenham tido um escopo local e regional, o significado da votação transmite uma mensagem que vai além disso”, disse Sánchez em um discurso televisionado. “Acredito que é necessário responder e submeter nosso mandato democrático à vontade do povo.”
O partido socialista (PSOE), de Sánchez, e seu aliado minoritário de extrema esquerda, o Podemos, perderam terreno no domingo, enquanto o Partido Popular (PP), conservador, e o partido de extrema direita Vox tiveram um desempenho melhor do que o esperado.
Os resultados indicam que o PP e o anti-imigrante e anti-separatista Vox poderiam desbancar Sánchez e PSOE se replicassem esse desempenho em nível parlamentar nacional.
No domingo, o PP pode ter tirado até oito governos regionais dos socialistas, dependendo do sucesso do partido de oposição na negociação de alianças com o Vox.
“Veio para ficar”
O líder do Vox, Santiago Abascal, disse que o partido “veio para ficar”.
Em discurso na manhã desta segunda, Abascal disse que a legenda está “aqui para ser decisiva na construção da alternativa que a Espanha precisa”. Ele acrescentou que ainda não havia conversado com o líder do PP, Alberto Nunez Feijoo.
Os principais reveses dos socialistas ocorreram nas regiões de Valência, Aragão e Ilhas Baleares, bem como em um de seus mais importantes feudos, a região sudoeste de Extremadura.
Na populosa região de Madri, a líder local do PP, Isabel Diaz Ayuso, obteve a maioria.
Nas grandes cidades de Valência e Sevilha, onde os prefeitos também foram eleitos, a contagem foi favorável ao PP, que também conquistou a maioria absoluta na área urbana de Madri.
Barcelona foi um caso atípico entre as grandes cidades, com a vitória de um partido pró-independência, embora por uma margem tão estreita que precisará de um acordo com os socialistas para destituir a atual prefeita, Ada Colau, de extrema esquerda.
O Podemos perdeu terreno em toda a Espanha, enfraquecendo ainda mais a posição de Sánchez.
As votações de domingo em 12 das 17 regiões da Espanha mostraram um retorno ao domínio bipartidário do PSOE e do PP após uma década de maior participação de partidos menores, como o Podemos e o centrista Ciudadanos.
O Vox foi formado em 2013 e ficou em terceiro lugar na última eleição nacional.