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    Prévia da inflação reforça debate sobre corte de juros no 2º semestre, dizem economistas

    IPCA-15 desacelerou para 0,51% em maio; em 12 meses, índice acumula alta de 4,07%

    Diego Mendesda CNN , São Paulo

    O IPCA-15, prévia da inflação oficial do Brasil, desacelerou para 0,51% em maio, resultado abaixo do projetado pelo mercado. Em abril, o índice marcou 0,57%. Especialistas ouvidos pela CNN afirmam que a perda de força do aumento de preços corrobora a ideia de que a política monetária pode ser afrouxada, com queda da taxa básica de juros a partir do segundo semestre.

    Na análise da economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, a boa notícia foi uma queda mais disseminada pelos vários grupos que compõem o IPCA-15 e o índice de difusão do índice, que voltou a cair para 64%. Ele mostra o quanto o aumento de preços está disseminado ou não pelos vários setores da economia. Índices acima de 70% indicam inflação disseminada.

    Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 4,07%, abaixo dos 4,16% registrados em abril. E, no acumulado do ano, variação positiva de 3,12%. Os números foram divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    “Houve redução da inflação de serviços e da média dos núcleos, que ficou em 0,42% em maio e acumula 6,8% em 12 meses”, afirma a economista.

    “A prévia de maio indica que teremos uma inflação menor no mês, abaixo de 0,4%, com o impacto maior da redução dos combustíveis na segunda quinzena e expectativa de desaceleração dos preços dos alimentos. Com isso, é bem provável que as expectativas de inflação tenham nova queda nas próximas semanas, o que deve reforçar o debate sobre o corte de juros no segundo semestre que, na nossa opinião, pode se iniciar em agosto”, reforma Rafaela.

    No mês, sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisas registraram alta. Dois grupos tiveram maior influência sobre o índice: Alimentação e bebidas (0,94%) e Saúde e Cuidados Pessoais (1,49%) – ambos contribuíram em 0,20 p.p.

    Dentro do primeiro grupo, a alta foi puxada pela alimentação no domicílio (1,02%), enquanto no segundo, chamamos a atenção para alta nos produtos farmacêuticos (2,68%) após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos a partir de 31 de março. Do lado negativo, passagens áreas contribuiu para puxar o índice de preços para baixo.

    Segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, quando se analisa alguns grupos, há uma melhora nos dados. “Apesar da inflação de boa parte desses grupos ainda estarem acima do desejado pelo Banco Central, os números de maio mostram um arrefecimento importante.”

    Sung avalia que esses dados podem ajudar positivamente o cenário do Banco Central, mas ainda é cedo para afirmar que essa será uma nova tendência. Apesar de ter vindo melhor do que o esperado, o economista acredita que a autoridade monetária deve manter a taxa de juros inalterada na próxima reunião do Copom, em junho.

    “Mas, abre-se uma janela para o BC começar a discutir possíveis cortes em breve. A nossa expectativa é de cortes apenas no terceiro trimestre.”

    Na visão de Igor Cadilhac, economista do Banco Original, qualitativamente falando, a composição da inflação veio melhor. “Por um lado, a dispersão, que mede a porcentagem de itens do IPCA-15 com variação positiva, subiu de 63,2% para 64,3%. Por outro, tanto a pressão sobre os preços de serviços quanto a média dos núcleos, que vem sendo a lupa para o Banco Central, recuaram no mês. Serviços foi o principal destaque, passando de 0,53% em abril para uma deflação de 0,06% em maio.”

    Para ele, ainda que a inflação e sua composição tenham surpreendido positivamente, o comportamento dos serviços e núcleos continua a demandar cautela. “Para os próximos meses, a redução nos preços dos combustíveis pela Petrobras vai arrefecer ainda mais a queda prevista no 1º semestre e suavizar a alta a partir do 2º semestre. Sendo assim, projetamos uma inflação de 5,7% em 2023.”

    Por fim, as economistas Julia Gottlieb, Julia Passabom e Luciana Rabelo, do Itaí, afirmam em relatório, que a leitura do IPCA-15 de maio corrobora o cenário de desinflação em curso, embora as medidas de núcleo ainda sigam rodando acima do compatível com o cumprimento da meta de inflação.

    “Nas próximas leituras, devemos seguir observando recuo da inflação acumulada em 12 meses para ao redor de 3,7%, influenciado pelo efeito base dos cortes de impostos no ano passado e pelos cortes recentes de combustíveis na refinaria. Projetamos 5,8% para o IPCA em 2023 e 4,5% em 2024”, concluem.

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