Congresso cobra reformulação da articulação política com participação de Lula
Nas últimas semanas, lideranças governistas avaliaram que Alexandre Padilha está sobrecarregado e que é necessário que o presidente abra espaço na agenda para partidos da base aliada
Com as dificuldades do governo petista em montar uma base aliada, o Congresso Nacional tem cobrado do Palácio do Planalto uma reformulação da articulação política, com uma maior participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A avaliação, relatada por lideranças parlamentares à CNN e transmitida ao governo federal, é de que o ministro da Relações Institucionais, Alexandre Padilha, está sobrecarregado e que é necessário que os demais ministros da chamada “cozinha palaciana” também recebam deputados e senadores.
O diagnóstico é de que o presidente estaria blindado e afastado do Legislativo, diferentemente dos seus dois primeiros mandatos, e que é urgente que o petista abra espaço na sua agenda diária para receber políticos e empresários.
A reclamação tem sido, sobretudo, em relação ao afastamento da articulação política de ministros como o da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo.
O esforço é para que eles também se envolvam nos debates partidários. Aliados se queixam de pedir agenda com outros ministros palacianos e não terem resposta.
A crítica sobre a falta de interlocutores do governo é também compartilhada por empresários, para os quais o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem ocupado de maneira eficiente o espaço vazio, atuando como um articulador político.
Um líder partidário avaliou à CNN, por exemplo, que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tem recebido mais lideranças partidárias que o ministro da Casa Civil, que, em governos passados, também se envolvia na negociação política.
Caso não ocorra uma mudança da postura da “cozinha palaciana”, avaliam deputados e senadores, o ideal seria a realização de uma reforma ministerial que levasse a postos estratégicos nomes com maior trânsito político junto ao Poder Legislativo.
Em conversas reservadas, Lula já reconheceu a dificuldade política e avaliou que pretende, no segundo semestre, diminuir o ritmo de viagens internacionais e se dedicar à formação de uma base aliada.