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    Micron alerta para perda de receita após China aplicar sanções em vendas de chip

    Pequim anunciou medidas no domingo, em meio a uma batalha entre as duas maiores economias do mundo sobre o acesso à tecnologia crucial

    Laura Heda CNN , Hong Kong

    A fabricante americana de chips Micron diz que a proibição de vender para empresas chinesas que trabalham em projetos-chave de infraestrutura pode custar até uma porcentagem de “um dígito alto” de sua receita anual.

    Pequim anunciou as sanções no domingo, em uma grande escalada de uma batalha em andamento entre as duas maiores economias do mundo sobre o acesso à tecnologia crucial.

    A Administração do Ciberespaço da China (CAC) disse que a empresa não conseguiu passar por uma revisão de segurança cibernética.

    A notícia veio logo após o encerramento da cúpula do Grupo dos Sete (G7) em Hiroshima, no Japão, onde líderes das principais democracias falaram em uma só voz sobre suas crescentes preocupações com a China.

    “A revisão constatou que os produtos da Micron apresentam riscos de segurança cibernética relativamente sérios, para a cadeia de fornecimento de infraestrutura de informação crítica da China e afetariam a segurança nacional”, disse o regulador chinês em um comunicado.

    Como resultado, as operadoras envolvidas em projetos domésticos de infra-estrutura crítica de informação devem parar de comprar produtos da Micron, afirmou.

    As ações da Micron Technology caíram cerca de 3% na segunda-feira. Seus rivais asiáticos terminaram o dia em alta. As ações da fabricante chinesa de chips de memória Ingenic Semiconductor saltaram 2,8%.

    A Shenzhen Techwinsemi Technology subiu 6,3%. Toyou Feiji Electronics subiu 14%. Em Seul, a SK Hynix, uma das maiores fabricantes de chips de memória do mundo, ganhou 0,9%, superando o mercado sul-coreano.

    A decisão do regulador chinês veio sete semanas após iniciar uma revisão de segurança cibernética dos produtos da Micron, em aparente retaliação contra as sanções impostas por Washington e seus aliados no setor de chips da China.

    A Micron é uma das maiores fabricantes de chips de memória dos Estados Unidos. Ela obtém mais de 10% de sua receita da China continental.

    A empresa disse à CNN que recebeu o aviso do regulador e está avaliando seus próximos passos.

    “Estamos ansiosos para continuar as discussões com as autoridades chinesas”, afirmou em um comunicado.

    O diretor financeiro da Micron, Mark Murphy, disse separadamente na segunda-feira que a companhia não estava clara sobre as preocupações de segurança que Pequim tinha e está avaliando que parte de suas vendas pode ser impactada.

    “Atualmente, estamos estimando uma faixa de impacto na porcentagem baixa de um dígito da receita total de nossa empresa na extremidade inferior e na porcentagem alta de um dígito da receita total da empresa na extremidade superior”, explica em uma conferência.

    O Departamento de Comércio dos EUA disse que se opõe firmemente às restrições que “não têm base de fato”.

    “Esta ação, juntamente a ataques recentes e de outras empresas americanas, é inconsistente com as afirmações [da China] de que está abrindo seus mercados e comprometida com uma estrutura regulatória transparente”, disse um porta-voz do departamento em um comunicado.

    O Departamento de Estado dos EUA também disse que tem “preocupações muito sérias” sobre a proibição.

    “O Departamento de Comércio está se envolvendo diretamente com a RPC para esclarecer nossa visão e, de maneira geral, essa ação parece inconsistente com as afirmações da RPC de que está aberta para negócios e comprometida com uma estrutura regulatória transparente”, aponta o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, na segunda-feira.

    No domingo, o Ministério das Relações Exteriores da China acusou os líderes do G7 de “obstruir a paz internacional” e disse que o grupo precisava “refletir sobre seu comportamento e mudar de rumo”.

    A “coerção econômica” da China

    Em um comunicado conjunto histórico no sábado, os países membros do G7 fizeram a articulação mais detalhada de uma posição compartilhada do grupo sobre a China até o momento – enfatizando a necessidade de cooperar com a segunda maior economia do mundo, mas também para combater suas “práticas malignas” e “coerção”.

    Desde outubro de 2022, Washington impôs amplas restrições à exportação de chips avançados e equipamentos de fabricação de chips para a China, em uma tentativa de cortar o acesso da China a tecnologia crítica para fins militares.

    Em março, o Japão e a Holanda, ambos importantes aliados dos EUA, também anunciaram restrições às vendas no exterior de tecnologia de fabricação de chips para países como a China. Os chineses criticaram fortemente as restrições, rotulando-as de “contenção discriminatória” dirigida ao país.

    Os chips estão no centro da tentativa de Pequim de se tornar uma superpotência tecnológica. A China tem seus próprios fabricantes de chips, mas eles fornecem principalmente processadores de baixo a médio porte usados ​​em eletrodomésticos e veículos elétricos.

    A batalha dos semicondutores faz parte de uma crescente divisão entre os Estados Unidos e a China. Nos últimos anos, as relações entre os dois atingiram seu nível mais baixo em décadas.

    As tensões aumentaram este ano depois que um suposto balão espião chinês foi abatido por caças americanos em fevereiro e Pequim continuou a aprofundar seus laços com a Rússia, apesar de sua contínua invasão da Ucrânia.

    No entanto, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse no domingo que espera que os laços entre os dois países melhorem em breve.

    “Acho que vocês verão isso começar a descongelar muito em breve”, destacou Biden em entrevista coletiva no final da cúpula do Grupo dos Sete no Japão.

    Ele disse que havia concordado com o presidente chinês, Xi Jinping, em novembro, em manter as comunicações abertas, mas que tudo mudou depois que um “balão bobo que carregava dois vagões de carga com equipamentos de espionagem” foi abatido.

    “Não pretendemos nos separar da China”, falou. “Estamos procurando reduzir o risco e diversificar nosso relacionamento com a China.”

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