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    A 10 dias de possível calote, reunião para aumentar teto da dívida nos EUA encerra sem acordo

    Joe Biden e presidente da Câmara, Kevin McCarthy, não encontraram termo comum para aumentar limite de US$ 31,4 trilhões

    Reuters

    O encontro nesta segunda-feira (22) entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, para aumentar o teto da dívida de R$ 31,4 trilhões encerrou sem acordo.

    O país tem 10 dias para evitar um calote histórico e com grande possibilidade de jogar a maior economia do mundo em recessão, segundo analistas.

    De um lado, o congressista republicano pressiona a Casa Branca para cortar mais gastos no orçamento — medida considerada “extrema” por Biden. Em outra ponta, os democratas querem impôr novos impostos sobre os mais ricos, caminho rejeitado pela oposição.

    “Achei que tivemos uma discussão produtiva. Ainda não temos um acordo”, disse McCarthy aos repórteres após uma hora de conversas com Biden no Salão Oval. Ele disse que suas equipes continuariam as negociações e acrescentou: “Acredito que ainda podemos chegar lá”.

    Antes do início da reunião, Biden afirmou estar “otimista” com a conversa. Ambos os lados precisam de um acordo bipartidário para “vendê-lo” a seus constituintes, disse ele, acrescentando que ainda pode haver algumas divergências.

    Os EUA têm até 1º de junho para aumentar o limite do teto da dívida do governo ou desencadear uma moratória da dívida sem precedentes que os economistas alertam que pode provocar uma recessão.

    A secretária do Tesouro, Janet Yellen, voltou a exacerbar a sua preocupação nesta segunda de quão pouco tempo resta, dizendo que a primeira data estimada de inadimplência permanece em 1º de junho e que é “altamente provável” que o Tesouro não consiga mais pagar todas as obrigações do governo até o início do próximo mês se o teto da dívida não for reformado.

    Assessores da Casa Branca se reuniram com negociadores republicanos no Capitólio por duas horas hoje, e as primeiras indicações eram de que as negociações haviam corrido bem.

    Qualquer acordo para aumentar o limite deve passar pelas duas câmaras do Congresso e, portanto, depende do apoio bipartidário. Os republicanos de McCarthy controlam a Câmara por 222-213, enquanto os democratas de Biden detêm o Senado por 51-49.

    O fracasso em elevar o teto da dívida desencadearia um calote que abalaria os mercados financeiros e aumentaria as taxas de juros, desde pagamentos de carros a cartões de crédito.

    Os mercados dos EUA subiram hoje, enquanto os investidores aguardavam atualizações sobre as negociações.

    Levará vários dias para aprovar a legislação no Congresso — se e quando Biden e McCarthy chegarem a um acordo. O congressista disse que um termo em comum deve ser alcançado esta semana para ser aprovado no Congresso e sancionado por Biden a tempo de evitar o calote.

    Um funcionário da Casa Branca disse que os negociadores republicanos propuseram na semana passada cortes adicionais em programas de ajuda alimentar a americanos de baixa renda e enfatizou que nenhum acordo poderia ser aprovado no Congresso sem o apoio mútuo.

    Cortes e outras medidas

    Os republicanos querem cortes de gastos discricionários, novos requisitos de trabalho para alguns programas para americanos de baixa renda e uma recuperação da ajuda contra a Covid-19 aprovada pelo Congresso, mas ainda não gasto, em troca de um aumento do teto da dívida, necessário para cobrir os custos dos legisladores.

    Os democratas querem manter os gastos estáveis nos níveis deste ano, enquanto os republicanos querem voltar aos níveis de 2022. Um plano aprovado pela Câmara no mês passado cortaria uma ampla faixa de gastos do governo em 8% em 2024.

    Biden, que fez da economia uma peça central de sua agenda doméstica e está buscando a reeleição, disse que consideraria cortes de gastos com ajustes de impostos, mas que a última oferta dos republicanos era “inaceitável”.

    O presidente twittou que não apoiaria subsídios do “Big Oil” e “ricos sonegadores de impostos”, ao mesmo tempo em que colocaria em risco a assistência médica e alimentar a milhões de americanos.

    Ambos os lados também devem pesar quaisquer concessões com a pressão de facções de linha dura dentro de seus próprios partidos.

    Alguns membros da Convenção da Liberdade da Câmara, de extrema-direita, pediram a suspensão das negociações, exigindo que o Senado adote a legislação aprovada pela Câmara, que foi rejeitada pelos democratas.

    McCarthy, que fez extensas concessões aos radicais de direita para garantir o cargo de orador, corre o risco de ser removido por membros de seu próprio partido se eles não gostarem do acordo que ele fecha.

    O ex-presidente Donald Trump, um republicano que busca outro mandato depois de perder para Biden nas eleições de 2020, instou os partidários a forçar um calote se não atingirem todos os seus objetivos, minimizando quaisquer consequências econômicas.

    Os liberais democratas se opuseram a quaisquer cortes que prejudiquem famílias e americanos de baixa renda, com alguns instando Biden a agir por conta própria invocando a 14ª Emenda da Constituição – uma medida não testada que o presidente disse no domingo (21) que enfrentaria restrições.

    *Publicado por Gabriel Bosa, com informações da Reuters.

     

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