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    Cúpula do G7 começa a se reunir nesta sexta (19); veja o que será discutido

    Além das sete maiores potências mundiais, outros oito países, incluindo o Brasil, participarão do encontro

    Douglas Portoda CNN* , em São Paulo

    As reuniões da cúpula do G7 começam nesta sexta-feira (19), em Hiroshima, no Japão, e vão até o próximo domingo (21). O grupo é formado pelas sete nações mais industrializadas do mundo: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

    Foram convidados para o encontro outros oito países: Brasil, Austrália, Comores, Ilhas Cook, Índia, Indonésia, Coreia do Sul e Vietnã.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou no Japão na quinta-feira (18), acompanhado do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

    Esta será a sétima participação de Lula em reuniões do G7 como convidado. Neste ano, o chefe do Executivo brasileiro foi chamado pelo primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida.

    Estarão presentes representantes das seguintes organizações:

    • Organização das Nações Unidas (ONU);
    • Fundo Monetário Internacional (FMI);
    • Banco Mundial;
    • Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE);
    • Agência Internacional de Energia (AIE);
    • Organização Mundial de Saúde (OMS);
    • Organização Mundial do Comércio (OMC);
    • União Europeia (UE).

    Veja um resumo do que deve ser tratado:

    Guerra entre Rússia e Ucrânia

    Na opinião do G7, o mundo foi atingido por dois fatos principais que “abalaram os alicerces da ordem internacional”: a pandemia de Covid-19 e a invasão russa na Ucrânia.

    Entre as principais perspectivas que serão abordadas, está a rejeição de qualquer tentativa de ameaça ou do próprio uso de armas nucleares, como proposto pela Rússia.

    O grupo vê a guerra deflagrada no Leste Europeu como um desafio ao Estado Democrático de Direito e “continuará a promover fortemente sanções contra a Rússia e de apoio à Ucrânia.

    Conforme informações da enviada especial da CNN a Hiroshima, Priscila Yazbek, dois documentos devem ser emitidos: um pelos países membros do G7 e outro pelos membros convidados.

    Entretanto, o movimento está fazendo com que o governo brasileiro demonstre preocupação com os termos que serão utilizados, pela expectativa de um tom mais duro.

    Enquanto os líderes do G7 devem discutir o endurecimento das sanções aos russos, a administração brasileira não quer participar de um requerimento que fale sobre penalidades, segundo fontes do Palácio do Planalto.

    O documento deve ser emitido no sábado (20), na sessão de trabalho sobre insegurança alimentar, intitulada “Trabalhando juntos para enfrentar múltiplas crises”.

    Como os países-membros e convidados assinam o texto, fontes do Planalto que acompanham as negociações afirmam à CNN que há um temor de que os membros do G7 incluam termos que representem maior hostilidade à Rússia.

    “Recordem-se que há outros países que não fazem parte do G7 que têm posições também sobre a questão da Ucrânia, que não são exatamente coincidentes com a posição dos países do G7”, disse o embaixador Maurício Carvalho Lyrio, secretário de assuntos econômicos e financeiros do Itamaraty.

    Há temores de que a Rússia se incomode com a linguagem. Ainda existe o receio de que um tom mais hostil contra o país emitido pelo G7 seja usado como fator de pressão para o uso da mesma linguagem em decisões mais importantes na ONU.

    Lula, por sua vez, deve continuar reforçando ao G7 de mediar a paz no conflito.

    Encontro de Biden e Kishida

    O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontrou com Fumio Kishida, na quinta-feira (18), para tratar de uma cooperação mais estreita diante da ascensão da China e da imprevisibilidade russa, que ambos enxergam como uma ameaça à ordem mundial do pós-guerra.

    Os membros do G7 estão cada vez mais preocupados com o que eles veem como políticas economicamente coercitivas chinesas e seu rápido acúmulo de tecnologia sensível –assim como as repetidas ameaças da Rússia sobre o uso de armas nucleares.

    Enfrentar esses problemas de frente, no entanto, não é tão fácil, disseram autoridades dos países membros do G7 em particular, particularmente dada a imensa dependência do Ocidente da China, a segunda maior economia do mundo, tanto como parceiro comercial quanto, em alguns casos, uma base de manufatureira.

    “A comunidade internacional está em uma encruzilhada na História”, disse o primeiro-ministro Kishida após reunião de mais de uma hora com Biden.

    A cúpula pode oferecer uma chance aos membros do G7 de mostrarem ao mundo seu compromisso com “uma ordem internacional livre e aberta com base no Estado de direito”, prosseguiu Kishida, usando uma linguagem que parecia destinada tanto à Rússia quanto à China.

    Embora um antigo comprador de petróleo russo, o Japão agiu em conjunto com as sanções do G7 contra Moscou, após a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

    A ação militar também levantou temores entre os japoneses de que a China poderia se encorajar a tomar medidas contra Taiwan, a menos que a Rússia seja detida.

    Hemisfério Sul

    Mais assuntos devem ser debatidos na cúpula, como o fortalecimento do engajamento do G7 com países do Hemisfério Sul a partir de soluções para a energia, segurança alimentar, mudanças climáticas, saúde e desenvolvimento.

    Segundo o grupo, é desejado o fortalecimento da parceria com essas nações, com mais contribuições e cooperações. Está incluindo também nas perspectivas a área do Indo-Pacífico, com o desejo que a região que compreende a Oceania, o Oriente Médio, o sul da Ásia e o leste da África seja “livre e aberto”.

    Clima e energia

    Mesmo com os desafios para garantir segurança energética à Ucrânia, a meta de zerar emissões líquidas até 2050 segue inalterada pelo grupo.

    Nas reuniões, serão evidenciadas trajetórias de transições energéticas para os principais países emissores de poluentes, efetuando a adequação necessária a cada região.

    Alimentação

    Com a atual crise alimentar que o mundo enfrenta, o G7 vê a necessidade de garantir o acesso a alimentos seguros, nutritivos e acessíveis para todas as pessoas.

    A partir disso, identificarão as principais vulnerabilidades estruturais no sistema alimentar mundial e estabelecerão um caminho para resolver a questão.

    Assistência médica

    A partir dos problemas evidenciados pela pandemia de Covid-19, serão traçados planos para fortalecer a arquitetura global de saúde com foco em prevenção, preparação e respostas para futuras crises de sanitárias.

    Também serão realizadas contribuições para ser alcançada uma cobertura universal de saúde mais forte, justa e sustentável, com a promoção de inovações no setor.

    Desenvolvimento sustentável

    A fim de atingir todas as meta da Agenda 2030 da ONU e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a cúpula pretende focar nas pessoas, discutindo o apoio aos vulneráveis.

    O grupo continuará a promover iniciativas em áreas de gênero, direitos humanos, tecnologia digital e ciência e tecnologia.

    Realização do G7 em Hiroshima

    Com a Presidência do G7, o Japão escolheu sediar a reunião de 2023 em Hiroshima. A cidade se recuperou dos danos causados pela explosão de uma bomba atômica lançada pelos Estados Unidos em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.

    O primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, explica que o mundo enfrenta uma profunda crise pela agressão russa contra a Ucrânia e aponta o risco crescente do uso de armas de destruição em massa.

    Para isso, o Japão gostaria de demonstrar que o G7 nega categoricamente as agressões militares, as ameaças de armas nucleares e as tentativas de derrubada da ordem internacional.

    Assim, Hiroshima é considerado pelo governo o local mais adequado para expressar seu compromisso com a paz.

    Veja a agenda de Lula e as reuniões do G7:

    Obs: Cronograma de acordo com o horário de Brasília

    Sexta-feira (19)

    • 5h – Encontro de Lula com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese
    • 20h45 – Encontro de Lula com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida
    • 22h – Encontro de Lula com o presidente da Indonésia, Joko Widodo 

    Sábado (20)

    • 3h – Primeira reunião do G7 com o tema “Trabalhando juntos para enfrentar múltiplas crises” 
    • 5h55 – Encontro de Lula com presidente da França, Emmanuel Macron 
    • 6h25 – Segunda reunião do G7 com o tema “Esforços conjuntos para um planeta resiliente e sustentável” 
    • 8h – Encontro de Lula com o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz 
    • 21h40 – Visita dos chefes de Estado e de delegações ao Parque Memorial da Paz de Hiroshima 
    • 22h30 – Terceira reunião do G7 com o tema “Rumo a um mundo pacífico, estável e próspero” 

    Domingo (21)

    • 2h30 – Encontro de Lula com o secretário-geral da ONU, António Guterres 
    • 3h15 – Encontro de Lula com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh
    • 5h – Encontro de Lula com representantes dos conglomerados Mitsui, NEC, Nippon Steel e Toyota 
    • 20h – Entrevista coletiva de Lula antes do embarque de volta ao Brasil

    (*Com informações da Reuters)

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