Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    MPF não vê omissão da cúpula da PM do DF nos atos de 8 de janeiro

    Procurador Carlos Henrique Martins Lima fez um relatório de 42 páginas sobre possível falta de ação de agentes públicos

    Elijonas Maiada CNN , em Brasília

    A investigação do Ministério Público Federal (MPF) sobre as ações e possíveis omissões de agentes públicos nos atos criminosos contra as sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro está em fase final.

    O inquérito civil é de responsabilidade do procurador Carlos Henrique Martins Lima e apura improbidade administrativa.

    No relatório de 42 páginas ao qual a CNN teve acesso, o procurador não vê omissão na cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), sobretudo por parte do então comandante-geral, coronel Fábio Augusto Vieira, e do então subcomandante-geral, Klepter Rosa, que se tornou o comandante-geral por nomeação do interventor federal.

    “Em relação ao então Comandante-Geral da PM, coronel Fábio Augusto, verifica-se que ele atuou ativamente no enfrentamento dos invasores da sede do Congresso Nacional”, diz o documento.

    “O coronel Fábio, que estava no domingo na esplanada, ficou preocupado com o efetivo da PM e ligou para o departamento de operações no intuito de cobrar a tropa de choque, a cavalaria, tropas especializadas e equipamento exoesqueleto da linha de contenção”, complementa.

    O procurador diz, também, que nos depoimentos da coronel Cíntia Queiroz, então subsecretária de operações do DF; do coronel Paulo José, chefe interino de operações da PM; e do major Flávio Alencar, do Batalhão de Choque, “tem-se a informação de que o Comandante-Geral da PM atuou ativamente no combate aos invasores dentro do Congresso Nacional”.

    Ele conclui que “nenhuma diligência realizada até o momento demonstrou que o então Comandante-Geral da PM tinha informações sobre o caráter violento dos manifestantes e que tenha se omitido na prevenção dos crimes”.

    Sobre o subcomandante-geral, “número 2” no comando da PM, o procurador tem o mesmo entendimento. “Da análise dos autos, não é possível verificar nenhuma ação ou omissão dolosa do coronel Klepter Rosa, ex-subcomandante-geral da PM-DF, que tenha tido por intuito facilitar as invasões aos prédios sedes do Três Poderes da República no dia 8”, destaca o documento.

    O procurador Carlos Lima também menciona o fato de o subcomandante ter determinado, na noite de 7 de janeiro, que os policiais ficassem de sobreaviso no dia dos atos, que é quando os militares ficam em casa esperando serem chamados, diferente de “prontidão”, que ficam nos batalhões, fardados e armados, prontos para sair.

    “Em que pese não ter sido determinado ao efetivo da polícia que ficassem de prontidão no quartel, mas sim de sobreaviso em suas casas, entende-se que tal medida foi razoável diante das informações que se tinha até então acerca do caráter não violento da manifestação”, ressalta o documento.

    Falha operacional

    O MPF, no entanto, não exime totalmente a Polícia Militar pelas consequências dos atos e diz que não houve plano de operações, de responsabilidade da Diretoria de Operações da PMDF, o que prejudicou a organização das forças de segurança.

    “Não se verifica a realização pelo DOP do plano de operações ou ordem de serviço, apontando o quantitativo policial a ser empregado, de quais batalhões seriam e quais as polícias especializadas atuarão no dia, o que prejudicou a organização das forças de segurança do DF. Aqui, identifica-se uma falha que contribuiu com a ineficiência da Polícia Militar do Distrito Federal em impedir as invasões e depredações aos prédios públicos”, coloca.

    O procurador, no entanto, declara que a falta de plano operacional não foi intencional. “As razões trazidas pelo coronel, contudo, afastam a existência de uma conduta intencional – indispensável na verificação do ato de improbidade – com o intuito de contribuir com os atos criminosos”, escreve.

    “Isso porque, até o momento, não fora identificado documento oficial com uma precisa e firme análise de risco dos fatos que ocorreriam no dia 8, detectando o seu caráter violento, e que tenha sido encaminhado à Polícia Militar para planejamento prévio”, adiciona.

    Carlos Lima afirma ainda que “não se verifica, até então, uma conduta intencional de algum agente de facilitar os atos criminosos”.

    Para finalizar o inquérito, ele enviou ofício ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), pedindo informações de quais foram os órgãos destinatários dos alertas emitidos pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) desde o dia 6 de janeiro sobre o risco de ações violentas.

    Também aguarda o depoimento do coronel Jorge Eduardo Naime, então chefe do DOP, que estava de folga no dia dos atos e que, atualmente, está preso por ordem do STF.

    Tópicos