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    Quase metade dos brasileiros que usam internet não checam se informações são verdadeiras, diz pesquisa

    Pesquisa TIC 2022 revela que problema está relacionado ao uso do celular como único meio de acesso à rede

    Leandro Resende , São Paulo

    Quase metade dos 149 milhões de brasileiros que usam a internet não checa se as informações que recebe em grupos de Whatsapp ou vê no Facebook ou Instagram são verdadeiras ou falsas.

    O dado foi coletado pela primeira vez na edição 2022 da pesquisa TIC Domicílios, lançada na terça-feira (17) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).

    O levantamento voltou a indicar que o celular é o único meio de acesso à rede para a maioria dos usuários do país (62%), usado majoritariamente pelos mais pobres.

    E, dentro deste grupo, o número dos que fazem checagem das informações é ainda menor: 37% dos que só usam a internet pelo celular fizeram alguma checagem de informações no aparelho.

    Os números revelam que pessoas mais pobres, de menor escolaridade e mais velhas tendem a usar menos a internet para descobrir se uma informação é verdadeira ou falsa.

    Um total de 66% dos que têm Ensino Fundamental completo e usam a rede não checaram informações; 64% dos que recebem até um salário mínimo também não usaram rede a rede para verificar se algo era verdadeiro ou falso; e 73% dos que têm mais de 60 anos também não entraram na internet para conferir um dado.

    Os dados obtidos pela pesquisa do CGI.br apontam um caminho para compreensão do problema da desinformação no país. Fabio Storino, um dos coordenadores da pesquisa, diz que os dados mostram um “fosso que separa as formas de acesso e uso da internet entre os mais ricos e os mais pobres no país”.

    “São pessoas que usam o celular com um aparelho simples, com conectividade limitada. E por isso estão mais sujeitas a riscos e a danos”, afirmou.

    A pesquisa sugere caminhos para uma investigação mais ampla sobre como e porquê as pessoas não se interessam em checar informações online.

    Entre as possibilidades, a falta de habilidades digitais, o que aponta para necessidade de novas políticas públicas do governo que visem atenuar a desigualdade online e os vieses que podem levar uma pessoa a só ter como fonte de informação o WhatsApp ou o Facebook – aplicativos que não usam pacote de dados móveis em alguns planos de operadoras de celular.

    “Pode estar ocorrendo um impedimento para fazer o procedimento de checagem; pode ser, por exemplo, o problema de as pessoas não terem uma internet suficientemente forte para conseguir abrir uma nova aba”, ponderou Storino.

    Realizada anualmente desde 2005, a TIC Domicílios mapeia o acesso às tecnologias da informação e comunicação nos domicílios urbanos e rurais do país e as suas formas de uso por pessoas com 10 anos de idade ou mais.

    Em 2022, foram coletados dados entre junho e outubro, em 23.292 domicílios e de 20.688 indivíduos.

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