“Custo alternativo” e “valor marginal”: o que muda com a nova política de preços da Petrobras?
Medida adotada pelo ex-presidente Michel Temer balizava valores conforme a variação do barril de petróleo e câmbio
A Petrobras anunciou nesta terça-feira (16) o fim da política de preço de paridade internacional (PPI), medida que balizava o valor dos combustíveis conforme a variação do preço de petróleo tipo Brent e a variação do câmbio.
A medida, adotada pela estatal a partir de 2016, na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), foi constante alvo de críticas do atual mandatário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que prometeu a sua revogação durante a campanha eleitoral no ano passado.
A Petrobras afirmou que a nova estratégia comercial foca em tornar os preços mais competitivos. No comunicado, a estatal informou que usará duas referências do mercado: o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a empresa.
Como explica a Petrobras, o custo alternativo do cliente “contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos
substitutos”, enquanto o valor marginal é baseado no “custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”.
A mudança trará mais flexibilidade para que a empresa pratique preços competitivos, “se valendo de suas melhores condições de produção e logística”, e dispute mercado com atores que comercializam combustíveis no país, como distribuidores e importadores.
Horas depois de divulgar o novo modelo de preço, a estatal anunciou o corte em combustíveis. A partir desta quarta-feira (17), o litro da gasolina às distribuidoras terá corte de R$ 0,40, passando para uma média de R$ 5,20. O preço de diesel foi reduzido em R$ 0,44, custando uma média de R$ 5,18.
Já o gás de cozinha teve redução de R$ 8,97 por botijão. A projeção da Petrobras é que o preço médio chegue a R$ 99,87. É a primeira vez que o botijão fica abaixo de R$ 100 desde 2021.
CEO afirma que novo modelo traz mais liberdade
Em entrevista à CNN nesta terça-feira, o CEO da Petrobras, Jean Paul Prates, destacou que o antigo modelo de PPI funcionava como uma espécie de “prisão” aos preços, e que a partir da nova estratégia comercial a estatal terá mais liberdade para ajustes.
“Então, hoje, a gente se liberta, se alforria deste dogma, desta miragem que, aliás, foi pouco praticado. A gente volta a praticar uma política de uma empresa normal, que faz preço de acordo com suas vantagens.”
De acordo com o CEO da petroleira, o PPI poderia ser um parâmetro, uma referência, mas uma dentre várias que as empresas usam para fazer seus preços mundo afora. “Essa ‘previsibilidade’ também é meio mitológica. A nossa deverá ser a mesma de qualquer empresa que faz os seus preços.”
Ao explicar a nova dinâmica, Prates disse que, primeiramente, a empresa vai até ao preço máximo, que é o custo alternativo do cliente. “Esta é a hora que o cliente vai embora, diz que está caro, que não vai comprar mais de você”, afirmou.
Aí, então, se aplica o preço mínimo, que é aquele que, para a empresa, não consegue vender abaixo de um certo patamar. “É aí que o investidor deve ficar tranquilo. Nós não vamos vender abaixo de um preço que a empresa perca sua marca, ou margem congênere, ou margem aplicável àquele mercado.”
Ele exemplifica que esse modelo vai dar o máximo e o mínimo. “O mínimo é quando eu não me interesso mais em vender, porque está ruim para mim. O máximo é quando o cliente vai embora e não compra de mim e eu perco mercado.”
*Publicado por Gabriel Bosa