Defesa diz que Bolsonaro transferiu dinheiro para os EUA por achar que “economia brasileira iria de mal a pior”
Advogados do ex-presidente convocaram coletiva de imprensa, nesta segunda, para rebater acusações sobre movimentações financeiras
Os advogados de defesa de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram que ele abriu uma conta bancária nos Estados Unidos no final do ano passado e transferiu mais de R$ 600 mil para o exterior por achar que a “economia brasileira iria de mal a pior” com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os advogados disseram que Bolsonaro transferiu, pelo Banco Central, todo dinheiro que tinha em uma conta poupança no Brasil. O valor, segundo a defesa, foi de aproximadamente US$ 135 mil, equivalentes à cerca de R$ 660 mil.
Eles ainda afirmaram que a abertura da conta bancária do ex-presidente nos EUA, em dezembro do ano passado, não teve relação com a viagem de Bolsonaro – que chegou na Flórida no último dia de seu mandato e passou três meses por lá.
De acordo com a defesa, Cid era responsável por sacar rotineiramente, na agência do Palácio do Planalto, valores em espécie da conta do ex-chefe do Executivo para pagar despesas da família Bolsonaro e, depois, tinha sempre que apresentar uma planilha com os gastos e os saques, além dos recibos dos pagamentos.
Wajngarten apresentou uma tabela com os gastos mensais do ex-presidente pagos com dinheiro vivo, por meio de saques da conta pessoal. Segundo os advogados, há também um livro-caixa que será entregue para os investigadores.
Segundo a tabela apresentada, os saques mensais da conta pessoal de Bolsonaro começaram a partir de fevereiro de 2019 e seguiram até dezembro do ano passado – com exceção de junho de 2020.
Para os defensores, os saques mensais durante os quatro anos de mandato presidencial variaram entre R$ 5.680 (maio/2020) e R$ 25.350 (abril/2019) – com a maioria dos meses somando entre R$ 10 mil e R$ 20 mil em dinheiro vivo.
Os valores dos saques mensais, segundo os advogados, aumentam progressivamente e continuamente entre o primeiro e o último ano de governo. Enquanto, em 2019, a maior parte dos meses somava menos de R$ 10 mil em saques, todos os meses de 2020 foram acima dessa marca.
Foram registrados, ao final de cada ano, em saques da conta pessoal do ex-presidente:
- 2019: R$ 129.160
- 2020: R$ 147.790
- 2021: R$ 171.000
- 2022: R$ 186.300
Ao todo, foram sacados da conta pessoal do ex-mandatário R$ 634.250 em quatro anos.
Conforme o ex-secretário de Comunicação, esse procedimento foi adotado desde o início do mandato do político do PL por preocupação com fraudes em sua conta.
Ainda foi defendido que esse dinheiro vivo era utilizado para pagar as despesas pessoais, que não são permitidas para pagamento com o cartão corporativo da presidência, como, segundo exemplo apresentado, absorventes íntimos femininos.
Também foi defendido por Wajngarten que Bolsonaro “jamais utilizou o cartão corporativo pessoal”. Ele também afirmou que o cartão adicional solicitado para Michelle Bolsonaro nunca teria sido utilizado porque, de acordo com a ex-primeira-dama, o ex-presidente “é muito pão-duro”.
Em diálogos revelados no final de semana, pelo portal Uol, entre Mauro Cid e assessoras de Michelle Bolsonaro, a Polícia Federal teria identificado orientação para que pagamentos de despesas da então primeira-dama fossem feitos em dinheiro vivo para evitar investigações sobre eventuais irregularidades.
Nesta segunda-feira (15), o Uol noticiou que o episódio levou a uma investigação da Polícia Federal, que teria identificado a realização de depósitos em dinheiro vivo para Michelle, que seriam coordenados por Mauro Cid.
Wajngarten explicou que os valores foram omitidos. Os advogados afirmaram que somam a quantia de R$ 348 todos os gastos mencionados em uma conversa de Cid com as assessoras de Michelle.
Já no que diz respeito a uma suspeita de “rachadinha”, devido a um diálogo revelado no qual as assessoras da ex-primeira-dama perguntam a Cid qual seria a melhor forma de convencê-la a parar de utilizar o cartão de crédito de uma amiga e passar a utilizar o próprio, Wajngarten disse que o receio era causar alarde na imprensa se a prática fosse descoberta.
“A defesa repudia toda e qualquer ilação como sendo fonte de pagamento, qualquer fonte que não venha de recursos próprios do presidente”, afirmou o ex-secretário de Comunicação.
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* Publicado por Léo Lopes, com informações de Rudá Moreira e Brenda Silva, da CNN