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    Aumento da inflação de alimentos e serviços em abril preocupa, diz economista

    Alta no preço dos alimentos surpreendeu economistas e afeta principalmente famílias de baixa renda

    Elaine Bastda CNN

    Apesar de na comparação mensal a inflação de abril (0,61%) ter vindo menor do que a inflação de março (0,71%), ela preocupa, e muito, diz o economista Andre Braz, coordenador dos índices de preço do IBGE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

    Ele destaca que em abril, ao contrário de março, a inflação medida pelo IPCA, o índice oficial de inflação do Brasil, veio disseminada em todas as categorias pesquisadas pelo IBGE. E também ficou positiva em todos os estados do país.

    Ou seja, os aumentos de preços se espalharam na economia o que torna ainda mais difícil o trabalho do Banco Central para reduzir a inflação. “Desta vez não teve grupo com queda, todos os preços subiram, uns mais outros menos. Mas subiram. Isso não é um bom sinal”, diz ele.

    Os reajustes dos medicamentos fizeram a categoria de Saúde e Higiene Pessoal ter a maior alta do mês, seguida de Alimentos e Bebidas. Para o economista, o aumento dos alimentos em abril surpreendeu. “O preço de alimentos havia ficado praticamente estável no mês passado.”

    Alimentos este ano deveriam ser a âncora da inflação, “puxando a inflação para baixo, até mesmo porque vamos ter safra recorde de soja e de milho. Não era esperado esse aumento. E quando a alimentação sobe ela afeta diretamente o grupo que o governo quer mais preservar, que são as famílias mais pobres. Alimentação é o item de maior peso no orçamento das famílias de baixa renda”, lembra ele.

    Outra categoria que tem preocupado muito os economistas é a de Serviços, que mostrou novo aumento de preços em abril. “Os preços de Serviços têm aumentado de maneira contínua. Em doze meses a alta já é de 7,5%. Bem acima da média da inflação.

    E o Banco Central olha esse número com lupa porque serviços é um setor que não tem os preços afetados por fatores sazonais. Os preços não sobem por causa de seca ou guerra. Eles sobem quando a procura está maior, ou seja, serviços refletem melhor o aquecimento da economia. o consumo”.

    Em abril, as passagens aéreas lideraram os aumentos no setor de serviços: alta de cinquenta por cento. Mas também subiram  outros itens como restaurante e cabeleireiro, por exemplo. “Os repasses de preços do setor de Serviços torna ainda mais difícil o trabalho do Banco Central, que tem mantido a taxa de 13,75% desde agosto do ano passado. Estava esperando o início da queda de juros para julho. Mas com os números que saíram hoje acredito que vá acontecer mais para frente”, diz Braz.

    Segundo o boletim Focus do BC, a projeção do mercado para a inflação deste ano está em 6,02%. O IPCA deve acelerar  no segundo semestre do ano de acordo com economistas. Isto por causa da base de comparação de um ano para outro.

    No segundo semestre de 2022 a inflação foi diminuída “artificialmente” por causa da política implementada pelo governo de Jair Bolsonaro para reduzir temporariamente o preço dos combustíveis, elevado por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia. A isenção do PIS Cofins ajudou a derrubar o valor nas bombas e com isso, o IPCA.

    A volta parcial da cobrança destes impostos em março deste ano fez o preço da gasolina e do etanol subir novamente. Segundo Braz, a redução agora vai depender da queda no barril de petróleo no mercado internacional. Ele lembra que Combustíveis têm um peso alto no índice de inflação porque estão relacionados também com o custo de transporte que por sua vez afeta frete e o custo de outros produtos na economia.

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