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    “Não é pra bater. É pra agredir!”, disse operador de esquema que pagaria para jogador ser expulso

    Fernando Neto receberia R$ 500 mil para receber cartão vermelho no jogo entre Sport e Operário-PR

    Marcos Guedesda CNN , São Paulo

    O escândalo da Máfia das Apostas, que caiu como uma bomba no futebol brasileiro após a Justiça de Goiás aceitar denúncia oferecida pelo Ministério Público Estadual, apontou o envolvimento de diversos atletas com a organização criminosa responsável por manipular acontecimentos nos jogos de futebol. Em um dos casos, os criminosos pagariam R$ 500 mil para o jogador Fernando Neto ser expulso em uma partida válida pela 19° rodada da série B do Campeonato Brasileiro do ano passado.

    As conversas interceptadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) mostram que o atleta negociou diretamente com um dos operadores do esquema e que chegou a receber um adiantamento de R$ 40 mil para ser expulso. Entretanto, ele não conseguiu receber o cartão vermelho na partida ocorrida em 28 de outubro, quando a equipe que defendia na época, o Operário-PR, perdeu por 5 a 1 para o Sport.  O fato causou irritação nos operadores do esquema.

    “Você viu que eu fiz de tudo, se pudesse escutar o que falei pra ele (árbitro) depois das faltas que fiz, falta sem bola, falta fora do lance, xinguei… eu tentei.”, justifica o atleta a um operador.

    Conversa entre o jogador Fernando Neto e operador do esquema / Reprodução/Ministério Público

    Em resposta, um homem identificado como Bruno Lopez (BL), apontado pelo MP como um dos responsáveis por comandar fraudes nas apostas relacionadas às partidas de futebol, demonstra irritação com o jogador e decide o que será feito com o prejuízo da aposta mal sucedida.

    “Tamo (sic) aqui pra resumir o prejuízo, da mesma forma que eu tinha minha palavra, dando tudo certo você teria R$ 500 mil… Agora, infelizmente, após termos as contas, você terá que arcar com o prejuízo”, adverte.

    Conversa entre operador do esquema e o jogador Fernando Neto / Reprodução/Ministério Público

    Em outra conversa, outro operador do esquema criminoso, identificado como Thiago Chambó, recebe a informação de que Neto não foi expulso e depois de se dar conta do prejuízo financeiro, não aceita as desculpas do atleta. “Não é pra bater. É pra agredir”, sentencia.

    Conversa entre operadores do esquema / Reprodução/Ministério Público

    Os trechos interceptados fazem parte de um documento 113 páginas enviados pelo GAECO para a Justiça Estadual de Goiás e compõem a segunda denúncia do Ministério Público sobre o caso. De acordo com fontes ligadas à investigação, há a possibilidade de novas etapas da operação aconteceram nos próximos meses.

    Procurada pela CNN, a defesa de Bruno Lopez optou por não se manifestar em relação à denúncia feita pelo MP. Já a defesa de Thiago Chambó ainda não respondeu.

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