William Waack: O adeus a Rita Lee
Rainha do Rock Brasileiro, Rita Lee morreu aos 75 anos
Hoje homenageamos a cantora e poeta Rita Lee, que morreu na última segunda-feira (8).
Rita era a mais completa tradução de São Paulo, disse dela Caetano Veloso. Na verdade, era a mais completa tradução da vida de todos nós. No mínimo, da vida de gerações de brasileiros dos últimos 50 anos.
“Deus me proteja da sua inveja”, cantou Rita. “Deus me defenda da sua macumba. Deus me salve da sua praga. Deus me ajude da sua raiva. Deus me imunize do seu veneno. Deus me poupe do seu fim.”
Parece o Brasil de hoje? Tem tanta coisa linda que ela escreveu, e pegamos alguns trechinhos de algumas músicas ao longo de todos esses anos.
“Quem pode, pode. Deixa os acomodados que se incomodem.”
“Nessa canoa furada, remando contra a maré, não acredito em nada. Até duvido da fé.”
Rita tinha esse raro dom de juntar o profundo, o deboche, a raiva, a brincadeira, o romântico, e sensual.
Nas palavras dela, “o amor é um livro, sexo é esporte. Sexo é escolha, amor é sorte.”
E um toque tão só dela ao falar da condição humana de todos nós… “Depois que eu envelhecer” –cantou Rita–, “ninguém precisa mais me dizer como é estranho ser humano nessas horas de partida. Mas enquanto estou viva e cheia de graça, talvez ainda faça um monte de gente feliz.”
Não, Rita: você continua fazendo a gente feliz.