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    Governo Tarcísio inicia estudos para atrair investidor privado para o Metrô de SP

    Atualmente, 97,6% das ações do Metrô são do governo estadual e 2,4%, da prefeitura de São Paulo

    Fernando Nakagawada CNN

    Um dos símbolos da capital paulista, o Metrô de São Paulo poderá ter investidores privados. A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) começou a estudar a reestruturação societária da estatal, que pode abrir caminho para a entrada de sócios privados, oferta de ações na bolsa ou até a venda de subsidiárias. Consultorias privadas foram convidadas a apresentar um modelo, e o Metrô confirma que atrair investidores é uma das opções à frente.

    “A entrada de novos acionistas pode ser uma opção dentre os resultados apresentados, mas não é um objetivo inicial”, informa o Metrô de São Paulo em nota, sem detalhar se o objetivo do Estado é continuar como controlador ou vender o controle – uma privatização.

    A iniciativa para mudar a estrutura da estatal começou há pouco mais de um mês, quando o Metrô convidou empresas para elaborar “diagnóstico e proposta de reestruturação societária”. Às consultorias, o Metrô pediu que sejam apresentados cenários de viabilidade de uma nova estrutura de sócios com “diferentes modelos de negócios, riscos associados e retornos potenciais”.

    A nova estrutura de capital, informou a companhia às consultorias, tem como objetivo “significativa redução sustentável de custos, considerando inclusive a competitividade com o mercado”.

    Hoje, o estatal Metrô concorre com o grupo CCR, que opera duas linhas de metrô na capital paulista, além de duas linhas do trem metropolitano.

    A estatal explicou às consultorias que também pretende que essa reestruturação permita a “liberação de recursos para atividades estratégicas” e a “identificação de oportunidades de modelos de negócios”.

    Possibilidades de reestruturação

    Procurado, o Metrô de São Paulo explicou em nota que “a contratação [de consultoria] busca estudo e proposta de estruturas societárias alternativas visando melhorar a eficiência”. Entre os aspectos que podem ser melhorados, explicam, estão a “redução de custos, desempenho, produtividade e competitividade externa”.

    Questionada sobre a entrada de sócios privados, a companhia disse que “não existem limitações quanto às possibilidades de reestruturação societária que deverão ser avaliadas”.

    “Entretanto, qualquer que seja o resultado apresentado, este deverá ser submetido à avaliação do acionista principal, que é o governo do Estado, bem como de órgãos vinculados”.

    Atualmente, 97,6% das ações do Metrô são do governo estadual e 2,4%, da prefeitura de São Paulo. A empresa tem perdas bilionárias e registrou, em 2022, prejuízo de R$ 1,167 bilhão, valor 53% maior que o visto em 2021.

    No ano passado, a estatal transportou 794,2 milhões de passageiros em quatro linhas que, juntas, têm 71,4 quilômetros e 63 estações.

    A Secretaria de Transportes Metropolitanos, que responde pela estatal no governo paulista, foi contatada, mas informou que o tema diz respeito apenas ao Metrô e que a empresa é que responde pelo tema.

    Eficiência e privatização

    Para Robson Gonçalves, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas, a reestruturação societária pode melhorar indicadores financeiros da empresa e permitirá que o governo paulista venda ativos.

    “Seria possível privatizar unidades, como a área de manutenção, a gestão dos pátios ou a exploração publicitária. Hoje, com a atual estrutura, isso não seria possível”.

    Para Gonçalves, a mudança faz sentido do ponto de vista comercial porque o Metrô concorre atualmente com empresas privadas que, normalmente, são mais eficientes.
    Alexandre Pires, professor de Economia do Ibmec, diz que estatais que reestruturam capital normalmente têm como objetivo atrair investidores ou vender operações. “É muito provável que esse processo avance para um caminho da privatização ou da abertura de capital do Metrô”, diz.

    Pires nota que a mudança de estrutura do capital pode ainda permitir que o Estado tenha uma nova forma de financiar a companhia para ampliar os investimentos. “Ao invés de captar com a emissão de dívida, as debêntures, o Metrô poderia simplesmente ampliar o capital”, explica.

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