Câncer de pulmão: entenda os desafios do tratamento da doença que vitimou Rita Lee
Doença pode ser silenciosa, diagnosticada quando já se encontra em fase avançada
O câncer de pulmão está entre as principais causas de mortes evitáveis no Brasil e no mundo. No Brasil, em 85% dos casos a doença está associada ao tabagismo ou aos derivados do tabaco, de acordo com o Ministério da Saúde.
A cantora Rita Lee morreu na segunda-feira (8). Em 2021, a artista foi diagnosticada com um câncer no pulmão.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que a taxa de incidência vem diminuindo desde meados da década de 1980 entre homens e desde meados dos anos 2000 entre as mulheres. Essa diferença deve-se aos padrões de adesão e cessação do tabagismo constatados nos diferentes sexos, segundo o Inca.
O Inca destaca que o cigarro é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão. A taxa de mortalidade de 2011 para 2015 diminuiu 3,8% ao ano em homens e, 2,3% ao ano em mulheres, devido à redução na prevalência do tabagismo.
Pesquisadores do Inca projetam queda de 28% na probabilidade de mortalidade prematura por câncer de pulmão em homens, entre 30 e 69 anos, no Brasil, no período de 2026 a 2030. O câncer de pulmão em homens ganha destaque com previsão de queda de 28% no recorte nacional.
“Esse tumor, em relação aos outros 24 analisados, é o que mais se aproxima de um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas, que visa reduzir em um terço a mortalidade entre pessoas de 30 a 69 anos por doenças crônicas não transmissíveis”, disse a pesquisadora da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Inca (Conprev) Marianna Cancela, em comunicado.
Sintomas do câncer de pulmão
Tosse persistente, com secreção ou sangue, e emagrecimento rápido sem uma explicação aparente podem ser sinais de câncer de pulmão. No entanto, o câncer de pulmão pode ser uma doença silenciosa na maior parte das vezes, diagnosticada quando já se encontra em fase avançada, dificultando o tratamento.
“Boa parte dos pacientes são assintomáticos. Nos casos em que há indícios, os mais comuns são tosse, falta de ar e perda repentina de peso”, diz a oncologista Bruna Carvalho, do Hospital Marcos Moraes, no Méier, que pertence ao Grupo Oncoclínicas, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Segundo a médica, o estilo de vida tem relação direta com o surgimento do câncer de pulmão, já que 80% das pessoas que desenvolvem o problema são fumantes ou ex-tabagistas. Abandonar o cigarro, diz Bruna, é a melhor forma de prevenção da doença.
Segundo Roberto Abramoff, oncologista clínico do Hcor, caso o paciente seja fumante, a melhor forma é cessar o tabagismo e evitar a exposição passiva à fumaça do cigarro. “Apesar de existirem métodos muito eficazes, a cessação do tabagismo ainda é o melhor método para prevenir um câncer. Pacientes ex-fumantes têm entre 20% e 90% menos chance de desenvolver um tumor. E caso desenvolvam, podem ter um resultado mais eficaz do que aqueles que seguem com o hábito”, diz o especialista.
Atualmente, há inúmeras formas de detectar rapidamente a existência de um câncer. A tomografia sem contraste é a mais indicada, principalmente porque a pessoa recebe uma baixa dose de radiação, sendo possível visualizar a existência de nódulos ou lesões suspeitas e tratar precocemente, o que pode levar à cura.
A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados em estágio inicial (câncer localizado), para o qual a taxa de sobrevida de cinco anos é de 56%.
Desafios no tratamento
O tratamento do câncer de pulmão requer a participação de um grupo multidisciplinar, formado por oncologista, cirurgião torácico, pneumologista, radioterapeuta, radiologista intervencionista, médico nuclear, enfermeiro, fisioterapeuta, nutricionista e assistente social.
Para o adequado planejamento do tratamento, é necessário fazer o diagnóstico e determinar a evolução da doença para definir se o câncer está localizado no pulmão ou se existem focos em outros órgãos – a chamada metástase.
Para os pacientes com doença localizada, e, particularmente, sem gânglios aumentado na região entre os dois pulmões, o tratamento é cirúrgico, seguido ou não de quimioterapia ou radioterapia. Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo.
Em pacientes que apresentam metástases, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvo, que é uma nova forma de tratamento de câncer, frequentemente usada em pacientes cujo tumor tenha determinadas características genéticas.
Segundo o Inca, essas medicações têm sido reservadas para o tratamento de doenças avançadas. Novos estudos estão em andamento para selecionar o grupo de pacientes que melhor se beneficiará deste tratamento.
Fontes: Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Câncer (Inca)
Veja imagens da carreira de Rita Lee
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O conjunto musical "Os Mutantes", com seus integrantes originais: Rita Lee (d), Arnaldo Baptista (c) e Sérgio Dias (costas), em 1967 • Arquivo/Estadão Conteúdo
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Gilberto Gil em apresentação junto o grupo "Os Mutantes" e orquestra. À esquerda, Rita Lee observa a performance de Gil • Arquivo/Estadão Conteúdo
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Na TV Tupi, apresentação do grupo "Os Mutantes" em 1968 • Estadão Conteúdo
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Rita Lee no programa "Divino e Maravilhoso", da TV Tupi, em 1968 • Estadão Conteúdo
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Cantora, compositora e instrumentista Rita Lee em apresentação em 1969 • Arquivo/Estadão Conteúdo
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Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias durante apresentação do conjunto musical em 1969 • Arquivo/Estadão Conteúdo
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Retrato dos integrantes dos Mutantes, Arnaldo Baptista (baixista e tecladista) e Rita Lee(vocalista) • Arquivo/Estadão Conteúdo
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Rita Lee durante apresentação no Phono 73, realizado no Anhembi, em São Paulo, em 1973 • Claudine Petroli/Estadão Conteúdo
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Rita Lee durante entrevista no Teatro Aquarius, no bairro da Bela Vista, região central da cidade de São Paulo, para falar de seu show "Entradas e Bandeiras" com o grupo Tutti Frutti, em 1976 • Solano de Freitas/Estadão Conteúdo
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Rita Lee e sua banda Tutti Frutti durante show no Teatro Aquarius, em São Paulo, em 1976 • Oswaldo Luiz Palermo/Estadão Conteúdo
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Rita Lee em 1978 • Arquivo/Estadão Conteúdo
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Retrato de uma descontraída Rita Lee, em 1981 • Claudine Petroli/Estadão Conteúdo
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Rita Lee ficou conhecida por sua personalidade marcante e irreverente • Claudine Petroli/Estadão Conteúdo
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Show da turnê "O Circo", realizada no ginásio do Ibirapuera, na capital paulista, em 1982 • Domicio Pinheiro/Estadão Conteúdo
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Apresentação no Rock in Rio I, realizado no bairro de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em 1985 • Arquivo/Estadão Conteúdo
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Rita Lee lê partitura da Sinfonia da Floresta Amazônica, de Heitor Villa Lobos, em 1989 • Marcelo Zocchio/Estadão Conteúdo
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Apresentação no Hollywood Rock 95, no estádio do Maracanã. Rita Lee, Barão Vermelho e os norte-americanos Spin Doctors abriram o show dos Rolling Stones • Otávio Magalhães/Estadão Conteúdo
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Atriz Fernanda Montenegro e Rita Lee durante a cerimônia do Prêmio Sharp de 1997, no Teatro Municipal, no Rio de Janeiro • Selmy Yassuda/Estadão Conteúdo/AE
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Tom Zé e Rita Lee se apresentam durante a premiação do Video Music Brasil 1999, da MTV, realizado no Via Funchal, na Zona Sul de São Paulo, em 1999 • Paulo Liebert/Estadão Conteúdo
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Rita Lee recebe beijo do marido, o músico Roberto de Carvalho, ao se apresentar durante show na Praça da Paz, no Parque do Ibirapuera, Zona Sul da capital paulista, em 2001 • Hélvio Romero/Estadão Conteúdo
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Rita Lee canta no no Festival de Verão de Salvador • Arquivo/Photocamera/AE
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Comemoração do Réveillon na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, em 2006 • J. F. Diorio/Estadão Conteúdo
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Show no evento "Virada Cultural" no palco Júlio Prestes, realizado na região central da capital paulista, em 2011 • Ernesto Rodrigues/Estadão Conteúdo
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Show "4 Gerações Cantam São Paulo", em comemoração ao aniversário de 459 anos da cidade, no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, em 2013 • Epitácio Pessoa/Estadão Conteúdo
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Lançamento do livro "Rita Lee, Uma Autobiografia", no Conjunto Nacional, na cidade de São Paulo, em novembro de 2016 • Gabriela Biló/Estadão Conteúdo