Assessor-chefe do TSE é preso por violência doméstica e exonerado de cargo
Eduardo Tagliaferro era o responsável pela Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), pasta subordinada à Secretaria-Geral da Presidência da Corte
Um assessor-chefe do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi preso por violência doméstica em Caieiras (SP) e exonerado da Corte na manhã desta terça-feira (9).
Eduardo Tagliaferro era o assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED), pasta subordinada à Secretaria-Geral da Presidência do TSE.
A Polícia Civil de São Paulo informou à CNN, em nota, que um homem de 50 anos foi preso em flagrante por violência doméstica, na noite de segunda-feira (8), em Caieiras, na região metropolitana da capital paulista.
As autoridades confirmaram, por telefone, que o homem se tratava de Tagliaferro.
“A vítima contou que o marido chegou em casa alterado e a ameaçou. Durante a discussão, o autor subiu até o quarto e disparou um tiro. A mulher correu em direção à garagem com as filhas em busca de proteção. Vítima solicitou medidas protetivas de urgência, que estão sob análise do Poder Judiciário”, afirmou a polícia.
“A arma usada foi apreendida, assim como as munições. Foi requisitada perícia no local e exame residuográfico para o indiciado. O caso foi registrado como violência domestica, disparo de arma de fogo e ameaça pela Delegacia de Caieiras. O autor permanece preso à disposição da Justiça”, concluiu a polícia.
Detalhes dos depoimentos
À Polícia Civil de Caieiras, a esposa de Eduardo Tagliaferro afirmou que eles eram casados há 21 anos e têm duas filhas menores de idade. Ela relatou que Eduardo faz uso de medicamentos controlados sem acompanhamento médico.
Ela confirmou que o marido foi nomeado para um cargo no TSE em agosto do ano passado e, desde então, passa maior parte da semana em Brasília. De acordo com a esposa, Eduardo chegaria em Caieiras na segunda-feira (8) para visitar a família e iniciar um tratamento médico para a saúde mental.
Ela relata que Eduardo foi de Congonhas direto para casa e que o esperava junto de um amigo dele, pois imaginava que chegaria exaltado. Segundo ela, durante uma discussão, o amigo tentou pegar a arma de fogo que ele havia deixado na sala. Eduardo não teria gostado da iniciativa do amigo e arremessou a arma no chão. Ele então pegou a arma, subiu as escadas até o quarto e efetuou um disparo.
Ela contou à polícia que correu com as filhas para a garagem e que teve ajuda de vizinhos para ligar para a polícia. Ela afirma ter solicitado uma medida protetiva de urgência, visando a segurança dela e das filhas.
Em depoimento à polícia, Eduardo afirmou que chegou em casa por volta das 22h de segunda-feira e deixou a arma na mesa da sala para, em seguida, tirar munição e guardá-la num cofre.
Ele disse que o amigo, que estava na sua casa, pegou a arma e subiu até o quarto com ela na cintura, momento em que houve um disparo acidental. Segundo ele, o amigo levou a arma para seu carro.
Eduardo informou à polícia que seu porte de arma está regular e que jamais colocaria a integridade da família em risco. Segundo ele, a documentação da arma foi apresentada na delegacia e o objeto foi apreendido.
O que diz o TSE
Em comunicado enviado à CNN, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmou que o assessor-chefe foi exonerado de seu cargo na manhã desta terça-feira “devido sua prisão em flagrante por violência doméstica e aguardará a rigorosa apuração dos fatos”.
Eduardo de Oliveira Tagliaferro foi nomeado assessor-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação (AEED) em uma portaria de agosto do ano passado, assinada pelo diretor-geral da Secretaria do Tribunal (SEC) do TSE, Rui Moreira de Oliveira.
A AEED foi criada com foco no combate à desinformação, em março do ano passado, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin presidia o TSE.
A pasta é vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da Corte e foi criada como parte das ações do “Programa de Enfrentamento à Desinformação”, lançado em agosto de 2019, com foco nas eleições municipais de 2020, mas que se tornou permanente em 2021.