Secretaria do DF diz ao STF que cabe à Polícia Militar informar sobre saúde de Anderson Torres
Ex-ministro da Justiça está preso desde o dia 14 de janeiro por suposta omissão nos atos criminosos de 8 de janeiro
A Secretaria de Administração Penitenciário (Seap) do Distrito Federal enviou ofício ao Supremo Tribunal Federal (STF) afirmando que cabe à Polícia Militar informar sobre o estado de saúde do ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Segundo a secretaria, devido às prerrogativas de delegado de Polícia Federal (PF), ele não está sob tutela do órgão, cabendo à PM prestar “qualquer auxílio” ao ex-ministro.
“Considerando o contexto narrado, informamos que não é possível a esta secretaria cumprir a determinação imposta, contudo ante à urgência do caso, demonstrada pelo exíguo prazo para resposta, encaminhamos ao comando-geral da PM do DF, orientando acerca da decisão e da necessidade de resposta a este Supremo”, escreveu a secretaria.
Na sexta-feira (28), o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou que o secretário de Administração Penitenciária do DF, Wenderson Souza e Teles, informe se o local onde Torres está preso tem condições para garantir sua saúde.
Na ocasião, Moraes deu 48 horas para a resposta. O ministro também Teles especificar quais providências já foram tomadas ou devem ser adotadas para garantir a saúde de Torres.
Um dos pontos a serem informados é se o secretário “entende conveniente” a transferência do ex-ministro para um hospital penitenciário.
Nos últimos dias, a defesa de Torres tem informado o STF sobre a deterioração do seu estado de saúde. Ele está preso desde o dia 14 de janeiro por suposta omissão nos atos de 8 de janeiro em um batalhão da Polícia Militar no Guará, região administrativa do DF.
Torres entregou senhas erradas à PF
Também na sexta, a defesa de Torres disse a Moraes que o ex-ministro havia informado à Polícia Federal senhas erradas de acesso ao seu e-mail por “comprometimento cognitivo”, dado seu estado de saúde debilitado.
Em manifestações a Moraes e a Barroso, requerendo a liberdade provisória, a defesa de Torres citou o “delicado estado de saúde” do ex-ministro.
No pedido de habeas corpus, os advogados incluíram dois laudos da psiquiatra que acompanha Torres desde janeiro.
A profissional, que atua na rede pública de saúde do Distrito Federal, diz que o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) está com “choros intensos e ininterruptos”.
Segundo a psiquiatra Elaine Meira Bida, ele está com assistência médica de forma intensiva e na última semana “apresentou fortes crises de ansiedade, pânico, desespero, angústia, falta de ar, tristeza profunda, acompanhada dos choros”.
Efetivo policial foi reduzido pela metade no 8 de janeiro, diz coronel da PM-DF
Em depoimento prestado na última quinta-feira (27), a coronel Cíntia Queiroz de Castro, da Polícia Militar do DF, afirmou que o efetivo policial no dia 8 de janeiro, data dos ataques criminosos em Brasília, foi reduzido pela metade.
Cíntia, que é subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF, fez a afirmação durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF) que investiga os ataques contra as sedes dos Três Poderes em Brasília.
“As informações que passei ao Fernando [delegado Fernando de Sousa Oliveira, braço direito de Anderson Torres no comando da Secretaria de Segurança Pública quando Torres estava fora do país durante os ataques em Brasília] foram às 6h, às 8h e às 9h da manhã. Nesse momento, a gente tinha em torno de 20 a 25 manifestantes e cerca de 400 policiais”, disse a coronel.
Questionada sobre o motivo da queda para 200 policiais à tarde, Cíntia diz que “só o Departamento de Operação ou o comando é que pode explicar isso”.
“No momento, vou provar que o planejamento foi cumprido e que, se houve algum tipo de prevaricação, não foi de minha parte”, disse a coronel da PM-DF em depoimento.
No dia dos atos do 8 de janeiro, Cíntia Queiroz ocupava o mesmo cargo atual, de subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF. Ela tinha a função de operacionalizar e organizar a proteção do DF, como a das vias públicas, no caso de um grande evento.
(Publicado por Lucas Schroeder, com informações de Basília Rodrigues, Leandro Resende e Lucas Mendes, da CNN)