Crescimento econômico não pode ficar no meio do caminho entre juros e inflação, diz Tebet
Ministra participa de evento no Senado Federal nesta manhã para discutir juros, inflação e crescimento econômico, ao lado de Fernando Haddad e Roberto Campos Neto
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou nesta quinta-feira (27) que o crescimento do país “não pode ficar no meio do caminho” no debate entre juros e inflação, protagonizado pela ala econômica do governo e o Banco Central (BC).
“Juros, inflação e crescimento econômico são coisas que precisam andar juntas, mas, especialmente da minha parte enquanto ministra do Planejamento, é importante dizer que o crescimento não pode ficar no meio do caminho”, afirmou ela.
A chefe da pasta, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, participam de evento no Senado Federal nesta manhã para discutir justamente o combo de juros, inflação e crescimento econômico.
Durante sua fala, Tebet estimou que o crescimento econômico médio do país nas últimas décadas tem rondado a casa do 1% e cravou que “há algo de muito errado aí”.
“É preciso planejar o futuro a médio e longo prazo e precisamos de políticas públicas certeiras. Nossa equipe econômica sabe onde quer chegar e o que precisa ser feito. Precisamos de crescimento com produtividade, e, por isso, com o ministro Haddad, ajudamos na criação da nova regra fiscal”, disse.
“Sabemos intramuros que temos um dever de casa. Não podemos gastar mais do que arrecadamos, precisamos zerar o déficit público e nossa meta é zerar até 2024. Sabemos que isso dá um ambiente macroeconômico mais favorável para abaixar os juros.”
A política monetária, capitaneada pelo Banco Central, tem sido alvo de críticas do governo federal desde antes mesmo da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No Senado, a ministra, porém, disse não ver contradições entre a postura do Executivo e da autoridade monetária, que defende a manutenção dos juros altos para evitar a inflação.
“É impossível crescer e termos um crescimento sustentável, duradouro e inclusivo se tivermos altas taxas de juros. Já o Banco Central diz que baixando as taxas de juros nós pagaremos um preço alto, que seria o aumento da inflação. Não há contradição nessas afirmações”, disse ela.
“Também não há contradição em dizer que o Banco Central é autônomo e é importante que seja. A autonomia é importante para a estabilidade econômica. O governo não interfere nas decisões técnicas, mas o BC também não pode considerar que suas ações são apenas técnicas. São técnicas, mas também decisões que interferem na política. Especialmente seus comunicados e suas atas.”
A ministra também citou a reforma tributária, referindo-se a ela como o instrumento que vai “garantir o crescimento sustentável e duradouro do Brasil”.