Confiança do consumidor cai 0,2 ponto em abril, diz FGV
Dado leva o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) ao patamar de 86,8 pontos
A confiança do consumidor cedeu 0,2 ponto na passagem de março para abril, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta terça-feira (25). O dado leva o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) ao patamar de 86,8 pontos.
No mês de março, o ICC havia subido 2,5 pontos, a 87 pontos.
“O índice acomodou em abril em patamar considerado baixo em termos históricos. Assim como no mês anterior, a heterogeneidade dos resultados torna difícil uma sinalização mais clara sobre as perspectivas futuras”, afirmou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das Sondagens do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota oficial.
“Há um aumento do pessimismo das famílias com renda mais baixa e redução para as famílias de maior poder aquisitivo. Esse cenário pode estar relacionado ainda a um alto endividamento das famílias, principalmente de menor renda, junto com um aumento das perspectivas de inflação para os próximos meses e dificuldade de acesso ao crédito.”
A especialista também afirmou que, embora o novo marco fiscal tenha sido apresentado ao Congresso, ainda há uma boa dose de incerteza sobre a saúde financeira do país, “o que afeta as decisões no curto prazo”.
A pouca variação da confiança do consumidor entre um mês e outro, segundo a FGV, foi influenciada pela visão de estabilidade em relação ao momento atual e pela piora de perspectivas para os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA) subiu 0,1 ponto, para 72,1 pontos — melhor resultado desde outubro de 2022, quando atingiu 74,5 pontos — enquanto o Índice de Expectativas (IE) cedeu 0,4, para 97,6 pontos.
A queda do ICC foi puxada pela intenção de compra de bens duráveis, que recuou 4,3 pontos em abril, ao patamar de 80,5 pontos. O dado representa uma perda de 55% dos ganhos obtidos em fevereiro, em especial entre as faixas de renda mais baixas.
Já em relação ao índice que mede as perspectivas sobre a situação futura da economia recuou 0,4 ponto, para 112,4 pontos. Na contramão, as perspectivas sobre a situação financeira futura das famílias tiveram alta de 3,5 pontos, a 100,1, maior patamar desde dezembro do ano passado (105 pontos).
A heterogeneidade entre os níveis de renda ainda se faz presente nos resultados de abril. Segundo a pesquisa, a piora da confiança dos consumidores com renda familiar abaixo de R$ 2.100 influenciou o dado geral, com recuo de 7,9 pontos após alta de 4 pontos em março.
A análise por faixas de renda mostra resultados ainda heterogêneos entre os níveis de renda. O resultado de abril foi influenciado principalmente pela piora da confiança dos consumidores com renda familiar abaixo de R$ 2.100,00, cujo indicador recuou 7,9 pontos após a alta de 4,0 pontos em março.
Apenas famílias de maior poder aquisitivo alcançam o nível de 90 pontos: faixas com renda familiar entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600,00 e acima de R$ 9.600,01, apresentaram alta de 1,2 e 2,8 pontos, respectivamente.
A alta deriva da melhora nas expectativas para os próximos meses, acompanhada de uma certa estabilidade em relação ao momento atual.
A Sondagem do Consumidor coletou entrevistas entre os dias 1º e 19 de abril.