Cervejaria afasta executivos após anúncio com influenciadora transgênero
Reação negativa a publicações da Bud Light envolveu até uma ameaça de bomba nas instalações da gigante cervejeira Anheuser-Busch em Los Angeles
A Anheuser-Busch colocou em licença dois executivos que foram os responsáveis pelas postagens patrocinadas da marca Bud Light no Instagram de influenciadora transgênero, de acordo com o Wall Street Journal e outros sites da mídia norte-americana.
O site Ad Age foi o primeiro a relatar que Alissa Heinerscheid, vice-presidente de marketing da Bud Light, foi colocada de licença. Todd Allen, mais recentemente vice-presidente de marketing global da Budweiser, deve substituí-la.
Daniel Blake, vice-presidente da Anheuser-Busch que supervisiona o mercado de marcas tradicionais, também foi afastado, de acordo com o Wall Street Journal.
A Anheuser-Busch não respondeu ao pedido de comentário da CNN.
A mudança no quandro de executivos ocorre depois que a Bud Light viu tanto o apoio de ativistas trans quanto a reação da mídia conservadora por sua colaboração com a influenciadora transgênero Dylan Mulvaney, que tem 1,8 milhão de seguidores no Instagram e 10,8 milhões no TikTok.
A cervejaria patrocinou duas postagens de Mulvaney no Instagram e enviou a ela uma lata de cerveja personalizada com seu rosto.
“A Anheuser-Busch trabalha com centenas de influenciadores em nossas marcas como uma das muitas maneiras de se conectar autenticamente com o público em vários dados demográficos”, disse a gigante cervejeira à CNN na semana passada.
“De tempos em tempos, produzimos latas comemorativas exclusivas para fãs e influenciadores de marcas, como Dylan Mulvaney. Esta lata comemorativa foi um presente para comemorar um marco pessoal e não está à venda para o público em geral.”
Alguns dias após a publicação de Dylan, o músico Kid Rock postou um vídeo no Instagram dele mesmo atirando em caixas de Bud Light, e os conservadores pediram um boicote à empresa.
Ver essa foto no Instagram
A reação online aumentou para o perigo físico quando as instalações da Anheuser-Busch receberam ameaças. O departamento de polícia de Los Angeles disse à CNN na semana passada que respondeu a uma ameaça de bomba e realizou uma varredura em uma cervejaria Anheuser-Busch no bairro de Van Nuys.
Alissa Heinerscheid disse em uma recente entrevista no podcast “Make Yourself at Home” que a Bud Light precisa atrair consumidores jovens para garantir o futuro da empresa, sendo um dos caminhos promover a inclusão.
A empresa tem um histórico de atrair consumidores LGBTQ+, lançando cerveja em garrafas de arco-íris para o Pride Month e fazendo parcerias com organizações de apoio LGBTQ+.
Heinerscheid foi nomeada para o cargo de vice-presidente de marketing em junho de 2022, tornando-se a primeira mulher nos 40 anos de história da marca a ocupar esse cargo.
A reação contra Bud Light e Mulvaney ocorre em meio a um cenário de repressão contra pessoas trans e o crescimento da retórica anti-trans entre os políticos conservadores.
Na quinta-feira passada, a Câmara aprovou um projeto de lei liderado pelo Partido Republicano proibindo atletas transgêneros de esportes femininos em escolas e instituições educacionais financiadas pelo governo federal. Não se espera que o projeto de lei seja aprovado pelo Senado, controlado pelos democratas.
A pressão por outras medidas anti-trans aumentou nos estados liderados pelos republicanos, como a proibição de cuidados de saúde com afirmação de gênero para jovens trans em Idaho e Indiana.
De forma mais ampla, um recorde de 417 projetos de lei anti-LGBTQ + foram apresentados nas legislaturas estaduais este ano, de acordo com dados da American Civil Liberties Union em 3 de abril. Isso é mais do que o dobro do número de projetos de lei apresentados em 2022.
Ainda não está claro se a Anheuser-Busch verá seus resultados cair com a controvérsia, com especialistas esperando nenhum dano considerável – mas a empresa pode ter que responder a perguntas sobre o assunto quando divulgar os resultados do primeiro trimestre em 4 de maio.