Ibovespa fecha em queda de 2% com nova regra fiscal; dólar volta ao patamar de R$ 5
Principal índice da B3 renovou mínimas na sessão desta quarta-feira aos 103 mil pontos
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O Ibovespa fechou em baixa de 2,12% nesta quarta-feira (19), aos 103.912,94 pontos, com investidores demonstrando cautela sobre os detalhes da nova regra fiscal, enviada na véspera ao Congresso.
Pesou ainda no índice a queda das ações da Vale (-2,92% ON) após a mineradora registrar vendas de minério de ferro abaixo do esperado no primeiro trimestre.
Já o dólar voltou a ser cotado acima do patamar de R$ 5 ao encerrar com valorização de 2,20%, cotado a R$ 5,086 na venda. A moeda norte-americana esteve abaixo dos R$ 5 desde 11 abril.
Esta foi a terceira alta seguida da moeda, em sessão marcada pela reação negativa do mercado à apresentação ao Congresso do texto do novo arcabouço fiscal, em um dia de ganhos para o dólar também no exterior.
A avaliação de que a proposta do marco fiscal traz inconsistências e exime o governo de responsabilidades pelo descumprimento das metas fiscais azedou os negócios desde o início do dia.
Para completar o cenário, a quarta-feira também foi um dia de aversão a ativos de risco, como o real, em todo o mundo, na esteira de dados ruins de inflação no Reino Unido.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entregou o texto da nova regra fiscal ao Congresso na última terça-feira. A proposta, embora mantenha boa parte do que foi apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, há cerca de três semanas, não trouxe novidades que agradaram o mercado, com a inserção de 13 itens que representam exceções ao limite de gastos.
“Os agentes do mercado temem que essas exceções comprometam a eficiência dos mecanismos de ajuste fiscal do governo, e que ele, por sua vez, tenha dificuldade para consolidar as contas públicas e controlar os gastos”, comenta Leonel Oliveira Mattos, analista de inteligência de mercado da Stonex.
“Outro ponto de crítica é o uso do ano corrente, de janeiro a dezembro, como base para discussão do Orçamento em agosto, de modo que o governo vai propor o uso de projeções da trajetória econômica até dezembro, em vez de se basear nos dados reais relativos ao mês de julho do ano anterior e de junho do ano corrente.”
O novo marco, agora, precisa tramitar pela Câmara e pelo Senado, com a necessidade de maioria absoluta nas duas Casas para ser aprovado. O texto, vale lembrar, pode sofrer alterações enquanto é deliberado por deputados e senadores.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmou que não vai dificultar a votação da proposta e vai nomear o relator do texto ainda nesta quarta. A ideia é finalizar debates sobre o marco até o dia 10 de maio.
Nesta quarta, o mercado ainda repercute dados da produção industrial de fevereiro. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor recuou 0,2% no segundo mês do ano, abaixo das expectativas de analistas consultados pela Reuters. Esse foi o terceiro resultado negativo consecutivo, com queda acumulada de 0,6, e está 2,6% abaixo do patamar pré-pandemia.
No exterior, o comportamento do mercado também estimulava a alta do dólar por aqui. O índice que compara a moeda norte-americana a uma cesta de seis pares fortes subia 0,40%, em meio ao salto dos rendimentos dos títulos do governo dos Estados Unidos.
“As preocupações com a inflação global e o consequente aperto das condições financeiras se sobrepõem à melhora de mercado impulsionada pelos dados mais fortes da economia chinesa no começo da semana”, disse o Bradesco em relatório desta quarta.
No último pregão, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,976 na venda, em alta de 0,78%. O Ibovespa teve alta de 0,14%, aos 106.163,23 pontos.
O Banco Central fez neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de junho de 2023.
Publicado por Tamara Nassif e Ana Carolina Nunes. Com informações da Reuters.