Novo plano estratégico da Petrobras sairá somente no fim do ano, diz gerente-executivo
Maurício Tolmasquim acrescentou que petroleira está atrasada no processo de transição, que deve ter destaque prioritário no novo planejamento
A Petrobras começou a discutir internamente o novo plano estratégico para o quinquênio 2024-2028, mas o planejamento deve ser divulgado apenas no fim deste ano, disse na terça-feira (18) o gerente-executivo de Estratégia da estatal, Maurício Tolmasquim.
O executivo, que foi indicado para liderar uma nova Diretoria de Transição Energética e Energias Renováveis, acrescentou que a petroleira está atrasada no processo de transição, que deve ter um destaque prioritário no novo planejamento.
“A gente está trabalhando no novo plano estratégico, começamos a trabalhar e está indo bem. Pretendemos fazer discussões internas para estar no fim do ano com o documento pronto”, afirmou Tolmasquim a jornalistas após participar de evento do instituto IBP.
“Deve ser no período normal que se divulga, lá por novembro. O processo ainda está começando.”
Havia uma expectativa no mercado de que uma revisão do plano poderia ser feita antes do tempo habitual, uma vez que a nova gestão que está tomando posse a partir de indicações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem visões bastante distintas para a estratégia da Petrobras em relação a anterior.
O CEO da petroleira, Jean Paul Prates, tem defendido que a empresa se torne a protagonista na transição energética brasileira, com novos projetos, enquanto a empresa ainda terá importante foco na produção de petróleo e no desbravamento de novas fronteiras exploratórias.
Prates também já sinalizou outras mudanças estratégicas importantes, como o aumento da capacidade de refino e alterações nas políticas de preços de combustíveis e de dividendos, dentre outros pontos importantes.
Tolmasquim reiterou na terça-feira que a Petrobras dará atenção especial à transição energética, buscando liderar esse processo no país, e que a empresa está atrasada nesse debate, uma vez que em sua avaliação não foi prioridade de gestões anteriores.
Para o executivo, os investimentos em energia sustentável são um caminho inevitável do setor de petróleo e que, se a empresa não se adequar, poderá inclusive ter dificuldades como na obtenção de empréstimos.
“Os fundos de pensão, por exemplo, têm critérios de ESG. Não é uma questão de boa vontade e sim de necessidade da companhia se recolocar no mercado de forma a ser atraente a acionistas e financiadores… Nosso desafio é recuperar o tempo perdido”, afirmou Tolmasquim.
“Não quer dizer que petróleo deixará de ser prioridade, a Petrobras ainda terá por muitos anos de upstream e pré-sal, porque é importante para gerar recursos para empresa e para o país, não é uma aventura de sair de uma atividade para outra.”
Tolmasquim ponderou ainda que a empresa já tem baixos níveis de emissão de carbono quando comparada a concorrentes internacionais. No entanto, frisou que a petroleira precisa focar agora na descarbonização dos seus produtos.