Economia chinesa ganha velocidade no 1º tri, mas desaceleração global aumenta riscos
Produto Interno Bruto da China cresceu 4,5% nos primeiros três meses do ano em relação ao mesmo período do ano anterior
A economia da China cresceu em um ritmo mais rápido do que o esperado no primeiro trimestre, já que o fim das rígidas restrições contra a Covid aliviou empresas e consumidores afetados pelos problemas causados pela pandemia, embora a desaceleração global apontem para uma jornada acidentada pela frente.
O Produto Interno Bruto cresceu 4,5% nos primeiros três meses do ano em relação ao mesmo período do ano anterior, mostraram dados do Escritório Nacional de Estatísticas nesta terça-feira (18), acelerando ante taxa de 2,9% registrada no trimestre anterior.
O resultado ainda superou as previsões dos analistas de uma expansão de 4,0% e marcou o crescimento mais forte em um ano.
Os investidores têm observado de perto os dados do primeiro trimestre para avaliar a força da recuperação depois que Pequim suspendeu abruptamente as restrições contra a Covid em dezembro e aliviou uma repressão de três anos a empresas de tecnologia e incorporadoras.
O crescimento do PIB no ano passado caiu para um dos piores em quase meio século devido às restrições pela Covid.
“A recuperação econômica está bem encaminhada. O ponto positivo é o consumo, que está se fortalecendo à medida que a confiança das famílias melhora”, disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management.
“O forte aumento das exportações em março provavelmente também ajudou a impulsionar o crescimento do PIB no primeiro trimestre.”
As autoridades chinesas prometeram aumentar o apoio à economia de 18 trilhões de dólares para conter o desemprego, mas enfrentam espaço limitado de manobra enquanto as empresas lidam com riscos de dívida, problemas estruturais e preocupações com a recessão global.
A recuperação da China até agora permaneceu desigual, já que a mudança do crescimento alimentado por investimentos para uma atividade dependente do consumo enfrenta desafios.
Os gastos com consumo, serviços e infraestrutura aumentaram, mas a produção industrial ficou para trás em meio ao fraco crescimento global, enquanto a desaceleração dos preços e o aumento da poupança bancária estão levantando dúvidas sobre a demanda.
As exportações da China aumentaram inesperadamente em março, mas analistas alertaram que a melhora reflete em parte os fornecedores que estão tirando o atraso de pedidos não atendidos após as interrupções da Covid-19.
O porta-voz do escritório de estatísticas, Fu Linghui, disse em coletiva de imprensa que, embora tenha sido um bom começo para a economia, “o ambiente internacional ainda é complexo e em constante mudança, as restrições da demanda doméstica insuficiente são óbvias e a base para a recuperação econômica não é sólida”.
O crescimento da China no segundo trimestre pode aumentar acentuadamente devido ao baixo efeito de base do ano anterior, disse Fu.
Na comparação trimestral, o PIB cresceu 2,2% entre janeiro e março, em linha com as expectativas dos analistas e acima de um aumento revisado de 0,6% no trimestre anterior.
Analistas consultados pela Reuters esperam que o crescimento da China em 2023 acelere para 5,4%, ante 3,0% no ano passado. O governo estabeleceu uma modesta meta de crescimento do PIB de cerca de 5% para este ano, depois de não cumprir o objetivo de 2022.
Dados separados sobre a atividade em março mostraram que o crescimento das vendas no varejo acelerou para 10,6% em relação ao ano anterior, superando as expectativas e atingindo picos próximos de dois anos. Mas isso se deveu a um efeito de base baixa e há sinais de cautela entre os consumidores.
O crescimento da produção industrial também acelerou, a 3,9%, mas ficou um pouco abaixo das expectativas.
A taxa de desemprego baseada em pesquisa nacional da China caiu para 5,3% em março, de 5,6% em fevereiro, mas a taxa de desemprego para pessoas de 16 a 24 anos avançou para 19,6% no mês passado, de 18,1% em fevereiro.
O investimento em infraestrutura da China aumentou 8,8% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior – superando um aumento de 5,1% no investimento geral em ativos fixos, enquanto o investimento imobiliário caiu 5,8%.