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    À PF, general Dutra diz que Lula avalizou adiar prisões no QG do Exército: “Resultariam em mortes”

    Na oitiva, segundo fontes ouvidas pela CNN, militar afirmou que consultou o presidente sobre não prender imediatamente as pessoas que praticaram os atos criminosos no Congresso Nacional

    Elijonas Maiada CNN , Brasília

    O depoimento do general Gustavo Henrique Dutra, ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), durou quase oito horas à Polícia Federal, nesta quarta-feira (12). Aos investigadores, o militar explicou o dia 8 de janeiro e a postergação para prisões das pessoas que invadiram e vandalizaram os prédios na Praça dos Três Poderes.

    Na oitiva, segundo fontes ouvidas pela CNN, o militar disse que consultou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre não prender imediatamente as pessoas que praticaram os atos criminosos no Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto e que foram para o acampamento do QG do Exército em seguida.

    Após os atos de vandalismo, o general se reuniu com o recém-decretado interventor federal na segurança pública do DF Ricardo Cappelli, que queria a prisão instantânea de todos os envolvidos. Cappelli então telefonou para o ministro da Justiça, Flávio Dino, enquanto o general ligou para o ministro-chefe do GSI nomeado por Lula, o general G. Dias. De acordo com relatos apurados, G. Dias confirmou que o presidente queria a prisão imediata dos vândalos, porém o general Dutra argumentou que a operação era arriscada e G. Dias passou o telefone a Lula para que Dutra se explicasse.

    De acordo com o depoimento, o general ouviu a ordem do presidente e disse que concordava com a necessidade da prisão, mas acreditava ser uma operação complexa. “Vai morrer gente”, reforçou. Lula então ordenou: “Isso seria uma tragédia. Cerque todo mundo, não deixe ninguém sair e prenda todo mundo amanhã”. O militar também argumentou que a tropa estava cansada e poderia haver confronto desproporcional.

    Na manhã seguinte, 1.500 pessoas foram presas preventivamente no acampamento e foram levadas em mais de 40 ônibus para a Superintendência da PF no DF.

    No depoimento, Dutra chegou à Academia Nacional de Polícia da PF sem advogados, mas munido também de documentos. O objetivo era comprovar que em momento algum recebeu ordem de qualquer instituição ou judicial para desocupar o acampamento na frente do QG. Segundo ele, nem antes de 31 de dezembro, durante o governo Jair Bolsonaro (PL), nem depois, já no governo Lula. A única determinação sobre a situação, de acordo com o general, foi do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que determinou a prisão e o desmantelamento dos acampamentos em todo o país, ainda na noite do dia 8.

    Demais depoimentos

    Dos 89 militares do Exército intimados a depor nesta quarta-feira (12) à Polícia Federal, sobre os atos criminosos do dia 8 de janeiro, em Brasília, oito não compareceram.

    Os militares faltosos apresentaram atestado ou alegaram outro tipo de desculpa para a ausência. A intimação deles é obrigatória, uma vez que a PF tem competência para investigar militares na esfera federal e com autorização do Supremo.

    Os militares que não foram prestar depoimento devem ser intimados novamente pela PF. Mas, segundo apurou a CNN, os principais personagens do inquérito foram ouvidos.

    São eles: os generais Gustavo Henrique Dutra de Menezes, então chefe do Comando Militar do Planalto; Carlos José Russo Assumpção Penteado, então secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no dia dos atos de vandalismo de 8 de janeiro; e Carlos Feitosa Rodrigues, então general de Divisão da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI.

    Os três generais seriam os responsáveis pela segurança do Palácio do Planalto, por isso, segundo fontes da PF, a corporação quer identificar se esses militares colaboraram para que a sede do governo fosse invadida, como também se dificultou a retirada dos criminosos do local ou se houve omissão.

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