De 89 militares intimados, 8 não prestaram depoimento sobre atos do 8 de janeiro
Polícia Federal interrogou três generais que estavam em cargos de chefia no dia e deve intimar novamente os faltantes
Dos 89 militares do Exército intimados a depor nesta quarta-feira (12) à Polícia Federal, sobre os atos criminosos do dia 8 de janeiro, em Brasília, oito não compareceram.
Os militares faltosos apresentaram atestado ou alegaram outro tipo de desculpa para a ausência. A intimação deles é obrigatória, uma vez que a PF tem competência para investigar militares na esfera federal e com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os depoimentos foram na Academia Nacional da PF (ANP), na região do Taquari, distante a 23 km da sede da Polícia Federal, na Asa Norte de Brasília, onde normalmente ocorrem os depoimentos de investigados. O local foi escolhido devido à quantidade de oitivas em um único dia.
Para organizar os depoimentos, 49 militares foram intimados para o período da manhã, sendo que seis faltaram. No período da tarde, foram 40 intimações, sendo dois que não compareceram. Mais de 40 delegados foram deslocados à ANP para a maratona de oitivas, que terminou por volta de 18h.
Os militares que não foram prestar depoimento devem ser intimados novamente pela PF. Mas, segundo apurou a CNN, os principais personagens do inquérito foram ouvidos.
São eles: os generais Gustavo Henrique Dutra de Menezes, então chefe do Comando Militar do Planalto; Carlos José Russo Assumpção Penteado, então secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no dia dos atos de vandalismo de 8 de janeiro; e Carlos Feitosa Rodrigues, então general de Divisão da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI.
Os três generais seriam os responsáveis pela segurança do Palácio do Planalto, por isso, segundo fontes da PF, a corporação quer identificar se esses militares colaboraram para que a sede do governo fosse invadida, como também se dificultou a retirada dos criminosos do local ou se houve omissão. Nenhum dos três esteve acompanhado de advogados.
Suposta interferência de militares
No dia 16 de março, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o ex-comandante de Operações da Polícia Militar do DF, o coronel Jorge Eduardo Naime, afirmou que o Exército tentou impedir a prisão de manifestantes que participaram dos ataques criminosos.
O coronel destacou ainda que teria sido feita uma barreira com militares do Exército para impedir a prisão de suspeitos que participaram dos atos e que estavam instalados no acampamento que havia sido montado em frente ao quartel-general da corporação.
À CNN, o Exército enviou nota onde afirma que caso está sendo apurado pelas autoridades competentes. “A Instituição segue à disposição dos órgãos que apuram os fatos, a fim de contribuir com as investigações, sendo que quaisquer esclarecimentos solicitados serão prestados exclusivamente a eles”.
Em fevereiro, o ministro Alexandre de Moraes determinou que cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento dos militares que estiveram envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Ou seja, que esse julgamento não caberia à Justiça Militar.