Não se pode construir novas casas onde a gente sabe que vai dar enchente, diz Lula em visita ao MA
Presidente sobrevoou a cidade de Trizidela do Vale neste domingo, um dos mais prejudicados entre os 64 municípios do Maranhão que enfrentam os impactos de fortes chuvas há semanas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, neste domingo (9), que “não é possível construir novas casas em um lugar que a gente sabe que vai dar enchente”, após sobrevoar a cidade de Trizidela do Vale – um dos mais prejudicados entre os 64 municípios do Maranhão que enfrentam os impactos de fortes chuvas há semanas.
“Temos de convencer as pessoas que estão em um processo de construção de novas casas, porque não é possível construir no mesmo lugar das que encheram. Não é possível construir uma casa em um lugar que a gente sabe que vai dar enchente”, disse, em entrevista coletiva a repórteres.
“Eu vim aqui só para fazer aquela visita de conforto às pessoas que estão passando necessidade. É importante vocês saberem que eu já morei em bairros que enchia d’água, e não era pouca não. Era 1,5 metro de água, e a gente ficava disputando espaço com barata, com rato. Depois a chuva ia embora, e aí ficava tirando um palmo e meio de lama, com sanguessuga pegando nas canelas. Ou seja, eu sei o que esse povo passa.”
O presidente viajou acompanhado de parte de seu gabinete de ministros, como o ministro da Justiça e ex-governador do Maranhão, Flávio Dino, além de Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Pimenta (Comunicação Social), Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) e Luiz Marinho (Trabalho).
Equipes do Corpo de Bombeiros, das prefeituras, da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Social estão realizando uma operação para auxiliar as vítimas no interior do Maranhão. Além de cestas básicas, garrafas de água e colchões também foram enviados para as regiões mais afetadas.
“O governo federal não faltará em nenhuma hipótese à necessidade do governo do Maranhão para cuidar do povo desse estado e, sobretudo, cuidar das pessoas que estão ficando em situação muito desconfortável como as que estão com as casas alagadas”, disse o presidente Lula nesta manhã.
Segundo a âncora da CNN Tainá Falcão, o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional afirmou que, até a última sexta-feira (7), R$ 349 milhões foram destinados pelo governo federal desde o início do ano a título de ajuda humanitária a municípios em situação de emergência para todo o Brasil.
O governo ainda não tem os dados de quanto, exatamente, foi destinado especificamente ao Maranhão. Segundo Góes, o governo federal também tem ajudado o estado na elaboração de decretos de emergência, planos de ajuda humanitária e no restabelecimento e reconstrução de equipamentos de infraestrutura.
64 municípios maranhenses em emergência
Ao menos 7.700 pessoas estão desabrigadas ou desalojadas. Desde março, seis mortes foram registradas devido às fortes chuvas, que não param.
Em todo o estado, nove rios, além de riachos e açudes, transbordaram. Comunidades inteiras estão isoladas. Em algumas cidades, a situação é ainda mais grave, como Buriticupu, em estado de calamidade pública.
O município, que fica a 395km de São Luís, com cerca de 72 mil habitantes, é assolado por voçorocas, fenômeno geológico que cria crateras gigantes. Segundo as autoridades maranhenses, algumas fendas chegam a medir 600 metros de extensão e 70 de profundidade.
Outro caso de gravidade é o de Alto Alegre do Pindaré, a 220 km da capital São Luís. O município está debaixo d’água e ficou isolado após as chuvas. A rodovia estadual que dá acesso à cidade, a MA-119, está completamente alagada.
O Rio Pindaré, que corta a cidade, subiu mais de sete metros, com as chuvas. Ao todo, 450 famílias estão desabrigadas no município. Para se locomover pelas ruas de Alto Alegre do Pindaré, os moradores têm usado canoas e barcos improvisados.
De acordo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume acumulado de chuva pode ultrapassar 100mm, em diversas áreas do Maranhão, neste feriado de Páscoa. Volume parecido de chuvas deve cair nos estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Ceará, e pode causar os chamados eventos extremos.
(Publicado por Tamara Nassif. Com informações de Carolina Figueiredo, Manoela Carlucci e Rudá Moreira)