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    Lula diz estar “mais que satisfeito” nos 100 primeiros dias e volta a criticar juros altos

    "Se a meta [de inflação] está errada, muda-se a meta. O que não é compreensível é imaginar que o empresário vai tomar dinheiro emprestado a essa taxa de juros", afirma presidente em encontro com jornalistas

    Diego MendesLucas Mendesda CNN , São Paulo

    Na manhã desta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar satisfeito com o início de seu terceiro mandato. Ele voltou a criticar os juros altos, estabelecidos pelo Banco Central, e afirmou que, se a “meta [de inflação] está errada, muda-se a meta. O que não é compreensível é imaginar que o empresário vai tomar dinheiro emprestado a essa taxa de juros”.

    “Estou mais do que satisfeito com o que conseguimos projetar nesses 100 dias. A retomada de todas as políticas sociais que deram certo nesse país já foram retomadas”, disse o presidente em encontro com jornalistas.

    “Obviamente que elas não estão surtindo o efeito necessário, porque muitas delas estão sendo colocadas em prática há poucos dias. Mas, quando essas políticas começarem a ser implementadas, desde PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), Bolsa Família, bolsa de estudo na Capes, a gente vai ter uma mudança no ritmo da economia brasileira”, acrescentou.

    Segundo o presidente, na próxima segunda-feira (10), quando for apresentado o balanço dos 100 dias de governo, será também iniciada uma nova fase da política econômica, com o objetivo na retomada de crédito e crescimento do país. Ele também fez críticas aos juros altos.

    “Não é possível a gente imaginar que você possa estabelecer crédito com taxa de juros acima de 15, 16, 17, 18%. Tem gente pegando juro a 30% no mercado para fazer investimento […]. Vamos ter que discutir com muita clareza quando eu voltar da China a questão de uma política de crédito para pequena e média empresa, para cooperativas, para agronegócio, para agricultura familiar. Somente com a circulação de dinheiro é que a gente vai poder retomar o crescimento da economia”, declarou.

    Privatização também esteve na pauta. Lula afirmou que não vai privatizar empresas para trazer dinheiro.

    “Queremos que as pessoas que venham para o Brasil venham para fazer investimentos em coisas novas, em coisas que precisamos, muitas obras de infraestrutura. Temos um poder extraordinário que é a quantidade de obras que foram paralisadas desde 2016”.

    O presidente citou ainda os dois decretos que assinou na quarta-feira (5) que destrava investimentos públicos e privados para o setor de saneamento no país. A nova regulamentação pretende garantir as condições necessárias para a universalização dos serviços até 2033.

    “Temos no Brasil mais de 50% da sociedade que não tem sequer coleta de esgoto. E dos outros que têm, a maioria não trata. Significa que nós temos ainda muito esgoto in natura sendo jogado nas ruas, praias, rios. Por isso fizemos um novo marco regulatório, para fazer um chamamento as empresas privadas e estaduais para que a gente possa, inclusive com financiamento do Tesouro, com garantia do Tesouro, começar a fazer acordos, PPPs, para resolver esse problema”, comentou o presidente.

    “Tem três palavras que considero as coisas mágicas da economia: a estabilidade, a credibilidade e previsibilidade. Se a gente conseguir estabelecer o funcionamento dessas três palavras, a economia volta a crescer, como cresceu no período que eu fui presidente da República desse país”, concluiu.

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