Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Bolsonaro deixa a sede da Polícia Federal após depoimento

    Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, declarou que declaração do ex-presidente aconteceu de "maneira absolutamente tranquila"

    Da CNN

    O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, após prestar depoimento no caso que investiga a entrada ilegal no país de joias dadas ao governo brasileiro pela Arábia Saudita. As informações são da analista de política da CNN Renata Agostini.

    Bolsonaro chegou à PF por volta de 14h30 e saiu às 17h30. Ele estava acompanhado de advogados e de seu ex-secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten.

    “O depoimento do Pr Jair Bolsonaro transcorreu de maneira absolutamente tranquila, tendo respondido a todas as indagações feitas pela PF. Foi uma ótima oportunidade para esclarecimentos dos fatos”, declarou Wajngarten.

    Segundo apuração do repórter da CNN Leandro Magalhães, Bolsonaro falou aos agentes da PF que todos os procedimentos foram feitos por ofício, o que demonstraria transparência dos atos praticados.

    Ainda de acordo com o aliado ouvido pela reportagem, o ex-presidente tomou conhecimento das joias em dezembro de 2022, um ano depois da chegada dos presentes ao Brasil, o que foi relato à PF.

    Ele também teria dito que não se recordava de quem o avisou sobre a apreensão das joias e buscou em todos os momentos a regularidade dos procedimentos, para evitar o que sua defesa classifica como “vexame diplomático”. O ex-mandatário alegou que está convicto de que “nunca praticou nenhuma irregularidade”.

    Bolsonaro explicou que não teria conhecimento de tudo o que estava em seu acervo. Haviam ao menos três mil camisas, meias, bonés e relógios de baixo valor.

    Outros depoimentos

    Foram dez depoimentos prestados ao mesmo tempo em Brasília, São Paulo e no Rio de Janeiro. O objetivo da polícia é confrontar informações e impedir compartilhamentos de estratégias de defesa.

    O ajudante de ordens do ex-chefe do Executivo, tenente-coronel Mauro Cid foi ouvido em São Paulo, por exemplo. Ele era o homem de confiança de Bolsonaro, a quem era subordinado e cumpria determinações.

    Fontes próximas ao militar ouvidas pela CNN reforçaram que “Cid não dava um passo nem tomava um copo d’água sem autorização do ex-presidente”.

    Um dos depoimentos foi adiado, pelo fato de um dos advogados ter passado mal.

    Preparação com ao menos três advogados

    A preparação de Jair Bolsonaro envolveu ao menos três advogados por dois dias.

    A pequena maratona foi iniciada na terça-feira (4) em reunião na sede do PL em Brasília e seguiu na manhã desta quarta-feira (5) horas antes de ele se apresentar aos investigadores.

    Os advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser capitanearam as conversas e foram acompanhados por Fabio Wajngarten.

    Apesar de ter se reunido com seu time de defesa na sede de sua legenda, aliados políticos não participaram da preparação, de acordo com um aliado.

    Oportunidade de reduzir desgaste

    Aliados de Jair Bolsonaro veem uma oportunidade no depoimento para reduzir o desgaste com o escândalo das joias. A avaliação é que falta o ex-presidente colocar na rua a sua versão sobre o ocorrido e, ao esclarecer os fatos aos investigadores, ele abre caminho para isso.

    Um desses aliados diz que, por conta disso, é “zero” a chance de Bolsonaro ficar em silêncio. Além da estratégia de dizer que os itens reunidos durante o mandato estão à disposição para auditoria e o que ele devolverá tudo o que eventualmente for solicitado, o entorno do ex-chefe do Executivo diz que o depoimento é chance de expor entendimento de que havia controvérsia sobre o que poderia ser classificado como bem de “caráter personalíssimo”.

    Há entendimento por parte do grupo próximo ao político do Partido Liberal (PL) de que o caso se tornou um problema político e não somente jurídico. O episódio é de fácil entendimento pela população por envolver joias e valores elevados.

    Defesa de Bolsonaro devolve terceiro pacote de joias

    Um dia antes do depoimento, na terça-feira (4), os advogados de Bolsonaro devolveram o terceiro pacote de joias, que inclui entre os itens um relógio da marca Rolex. A entrega ocorreu em uma agência da Caixa, em Brasília.

    Entenda o caso

    Arábia Saudita entregou ao governo brasileiro e a Bolsonaro três pacotes com joias durante o mandato do ex-chefe de Estado, entre 2019 e 2022.

    Segundo a defesa de Bolsonaro, “os bens foram devidamente registrados, catalogados e incluídos no acervo da Presidência da República”. Além disso, os representantes afirmaram que todo o acervo de presentes será submetido à auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).

    Em 2021, o príncipe Mohammed bin Salman Al Saud entregou dois estojos com joias ao então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que representou Jair Bolsonaro em agenda no país.

    Os objetos, porém, não foram declarados como presentes de Estado – o que os eximiria de ter de pagar taxa na chegada ao Brasil, além de os regularizar e dar a devida destinação. A Receita Federal impõe que todos os produtos com valor superior a US$ 1.000 sejam declarados na entrada ao país.

    O ex-ministro de Minas e Energia e a equipe de assessores dele viajaram em voo comercial e chegaram ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, no dia 26 de outubro de 2021.

    Um dos estojos, que estava com um dos assessores, que continha um colar, um anel, um relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões, foi localizado e apreendido pela Receita.

    De acordo com o órgão, a incorporação ao patrimônio da União exige um pedido de autoridade competente, “com justificativa da necessidade e adequação da medida, como, por exemplo, a destinação de joias de valor cultural e histórico relevante a ser destinadas a museu”.

    Em comunicado, foi dito que isso não aconteceu. “Não cabe incorporação de bem por interesse pessoal de quem quer que seja, apenas em caso de efetivo interesse público”, pontua.

    CNN questionou integrantes da equipe do governo Bolsonaro por que as joias não foram registradas antes de chegar ao Brasil. Interlocutores afirmaram que o assessor do Ministério de Minas e Energia deveria ter informado que se tratava de um presente do reino da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o então presidente.

    No segundo estojo havia uma caneta, um anel, um relógio, um par de abotoaduras e uma espécie de terço islâmicos, em valores oficialmente não divulgados, mas que está avaliado em R$ 500 mil. Este foi listado no acervo pessoal do ex-presidente Jair Bolsonaro, conforme o próprio confirmou à CNN.

    No dia 28 de outubro de 2021, o gabinete do ex-ministro de Minas e Energia informou ao Departamento Histórico da Presidência da República que estava com os presentes entregues pelo governo da Arábia Saudita. Porém, omitiu-se que outros itens do primeiro estojo foram apreendidos pela Receita Federal.

    Após um ano, em 29 de novembro de 2022, os itens do segundo estojo foram entregues ao Gabinete Histórico da Presidência da República, conforme a CNN confirmou em reportagem. No mesmo dia, os objetos foram incorporados ao acervo privado de Bolsonaro.

    Decisão do TCU

    O Tribunal de Contas da União (TCU) havia decidido que o segundo estojo de joias, listado no acervo pessoal do ex-presidente Bolsonaro, deveria ser entregue às autoridades, assim como um par de armas que o ex-mandatário trouxe do exterior.

    O estojo retido pela Receita Federal também deveria ser encaminhado pela Receita Federal à Caixa Econômica Federal. Isso aconteceu no dia 24 de março.

    As armas, um fuzil calibre 5,56 mm e uma pistola 9 mm que podem custar até R$ 57 mil, deveriam ser entregues à Polícia Federal, o que foi concretizado também no dia 24 do mês passado.

    Além disso, foi determinada vistoria completa em todos os presentes que Jair Bolsonaro recebeu durante seu mandato.

    (*Publicado por Douglas Porto)

    Tópicos