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    Índice ajuda a medir velocidade de “descarbonização” da economia brasileira

    De acordo com o Instituto Talanoa, responsável pelo índice, no ritmo atual, o Brasil não conseguirá cumprir a meta do Acordo de Paris

    Leandro Resendeda CNN

    O alerta foi dado duas vezes pela Organização das Nações Unidas (ONU) nos últimos meses: o mundo caminha para tornar irreversível a sua catástrofe climática se medidas urgentes não forem tomadas pelos países. E o Brasil com isso?

    As secas extremas na região Sul, tempestades mortais em São Paulo e enchentes nas regiões Norte e Nordeste — para ficar em exemplos só dos primeiros três meses deste ano — expuseram, para quem ainda tinha dúvida, o alcance dos efeitos das mudanças climáticas no país.

    Para acompanhar os esforços do país para reduzir a emissão de gases que causam o efeito global no país, o Instituto Talanoa lança e leva ao Ministério do Meio Ambiente na próxima semana o indicador “Nossa Descarbonização”, antecipado com exclusividade à CNN.

    Afinal, o Brasil está perto ou longe de, por exemplo, cumprir a meta do Acordo de Paris e cortar em 43% a quantidade de gases estufa enviados pelo país para atmosfera?

    Para isso foi criado um índice para medir a velocidade de “descarbonização” da economia brasileira, com avaliação sobre o resultado das políticas públicas sobre o tema.

    “No ritmo atual, nunca cumpriremos a meta do Acordo de Paris, mas o novo governo já mostrou disposição para mudar isso. O Brasil pode ser a primeira economia do G20 a reduzir mais emissões nesta década, mas precisa apertar os botões certos na escolha das políticas públicas”, afirmou Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.

    O chamado Índice da Nossa Descarbonização (INDC), desenvolvido pelo Talanoa mede dois componentes, escolhido para ver se o governo está indo na direção certa na cruzada contra o aquecimento global: um de resultado (quanto estamos diminuindo) e outro que é político (sobre as ações do governo federal para descarbonizar).

    Onze setores serão acompanhados: Agropecuária, Desmatamento, Energia, Indústria, Mobilidade Urbana, Resíduos e Saneamento, e Transporte de Carga, Oceano, Governança, Precificação de Emissões e Orçamento.

    Como estamos

    Como teste do INDC, a Talanoa calculou o quanto que os três setores que respondem por 70% das emissões de gases estufa (Desmatamento, Agropecuária e Energia) conseguiram contribuir para descarbonização do país entre 2021 e 2022.

    A conclusão foi que o ritmo de descarbonização do país é muito lento: o país não conseguiu, por exemplo, fazer com que o desmatamento se reduzisse a ponto de provocar uma mudança significativa na emissão de gases do efeito estufa.

    No que diz respeito ao resultado de políticas públicas, o dado indica que deu certo o aumento da participação da energia renovável no país. “Não podemos nos iludir que  primeiro vamos acabar com o desmatamento, para depois cuidar de energia e transporte, zerar emissões até a metade do século é nossa obrigação”, diz Natalie Unterstell, da Talanoa.

    Segundo ela, o desmatamento representa a maior parte das emissões de gases negativos ao ambiente do país, e a prática tem retorno econômico negativo.“Temos uma emissão violenta na Amazônia que não está gerando retorno econômico nenhum. E acabar com ela requer esforço brutal do governo federal”, afirmou.

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