Brasil não assina declaração da Cúpula pela Democracia que condena a Rússia
Presidente Lula não participou das discussões porque ainda se recupera da pneumonia
O governo brasileiro decidiu não assinar a declaração final Cúpula pela Democracia de 2023, promovido pelo governo americano.
O evento foi organizado pelos Estados Unidos com o objetivo de reforçar a democracia global e confrontar o autoritarismo.
O presidente Lula chegou a mandar uma carta para os organizadores do debate, mas o Brasil não concordou com o foco dado na declaração final à guerra na Ucrânia.
O texto condena a Rússia e exige que o país retire imediatamente e incondicionalmente todas as suas forças militares do território ucraniano.
Fontes do Itamaraty dizem que o Brasil considera que a Cúpula pela Democracia não é o fórum ideal para discutir a guerra, que foi provocada pelo regime autoritário do presidente Vladimir Putin.
Os diplomatas brasileiros avaliam que as discussões sobre o conflito devem acontecer apenas no âmbito da ONU e do seu Conselho de Segurança.
Lula não participou das discussões da cúpula, inicialmente porque ele estaria na China, que não foi convidada para o evento. Depois, sua participação também não aconteceu porque ainda se recupera da pneumonia, que forçou o adiamento da viagem a Pequim.
Na carta que enviou aos organizadores, Lula cita, sem mencionar nenhum país, a ameaça de uma nova Guerra Fria entre o Ocidente liberal e países autocráticos, como a Rússia e China.
Ele disse ainda que a bandeira da defesa da democracia não pode ser utilizar para erguer muros nem criar divisões.
O Itamaraty nega que a recusa do Brasil em assinar a declaração possa criar problemas com os Estados Unidos.
Os diplomatas brasileiros acreditam que Washington sabe reconhecer o que eles chamam de política externa independente.
Uma prova disso, dizem, é que Biden já convidou Lula para outra cúpula virtual sobre mudanças climáticas, que deve acontecer em abril.