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    Ibovespa fecha semana com perdas de 3,21%; dólar recua a R$ 5,25 nesta sexta

    Cenário global pesou na aversão a riscos dos investidores, com a turbulência do setor bancário ainda se fazendo presente, enquanto no ambiente doméstico, manutenção da Selic em patamar elevado repercutiu no mercado

    Da CNN

    O Ibovespa fechou em alta de 0,92% nesta sexta-feira (24), aos 98.829,27 pontos, um dia após renovar mínimas desde julho de 2022, mas o movimento não foi suficiente para reverter as perdas acumuladas na semana, marcada por reprecificação de expectativas otimistas em relação à trajetória da Selic e novos ruídos institucionais no Brasil.

    A recuperação, porém, pode ser cerceada pela cena externa, com o retorno da aversão a risco no exterior por causa da crise bancária, e a escalada de tensões entre o governo federal e o Banco Central (BC).

    Na semana, o índice acumula perdas de 3,21%, período que também marcou o recuo no patamar dos 100 mil pontos.

    Já o dólar encerrou o dia em queda de 0,75%, cotado a R$ 5,250 na venda, com participantes do mercado aproveitando as cotações mais altas para internalizar recursos e ajustar posições, enquanto no exterior a moeda norte-americana subia em meio à turbulência trazida pelo Deutsche Bank.

    Com a derrocada das ações do banco alemão, pressionadas pela alta no custo de seguro contra inadimplência de seus títulos, a expectativa era de que o dólar passasse por mais uma sessão de alta nesta sexta-feira, com investidores em busca de segurança.

    Isso chegou a ocorrer no início do dia, mas exportadores aproveitaram o dólar à vista acima dos 5,30 reais para vender moeda, o que colocou as cotações para baixo. Além disso, investidores que estavam comprados (posicionados na alta do dólar) no mercado futuro aproveitaram para realizar lucros, o que também pesou sobre as cotações.

    Às 9h43, o dólar à vista marcou a maior cotação da sessão, de 5,3426 reais (+1%), em meio ao estresse global com o Deutsche Bank, mas depois as cotações foram caindo até que perto das 11h30 a moeda já oscilava no território negativo.

    “Tivemos um fluxo positivo com dólar a 5,30 reais, houve bastante venda de exportador, tanto no pronto (moeda à vista) quanto no futuro. Na medida que vai vendendo, o dólar dá uma desacelerada”, disse Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. “O dia até que começou nervoso, com o dólar em alta, mas contra fluxo não há argumentos”, acrescentou.

    Outros profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que, com a forte alta do dólar na quinta-feira, em meio às críticas do governo Lula ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, era natural que houvesse um ajuste de preços nesta sexta-feira.

    Ao longo do dia, o dólar também perdeu um pouco de força no exterior em relação a algumas divisas de países exportadores de commodities, o que reforçou o viés de baixa para a moeda norte-americana no Brasil.

    Juros

    Ainda que já esperada, a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à decisão do BC em manter a taxa de juros em 13,75% a.a., em reunião na última quarta-feira (22), desencadeou um “efeito bumerangue” nos mercados na quinta-feira (23).

    “Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou. Ele não foi eleito pelo povo, não foi indicado pelo presidente, ele foi indicado pelo Senado”, afirmou Lula em evento no Rio de Janeiro, acrescentando que “quando tinha [Henrique] Meirelles”, ele falava com o então presidente do BC.

    “Se esse cidadão quiser, nem precisa conversar comigo. Ele só tem que cumprir a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central. Ele tem que cuidar da política monetária, do emprego, da inflação e da renda do povo. É isso que está na lei.”

    Na sequência, o presidente ainda descreditou o plano de integrantes do PCC para realizar ataques contra servidores públicos, que tinha o ex-juiz e atual senador Sergio Moro como um dos alvos.

    O mercado ainda acompanha o resultado do IPCA-15, considerado uma “prévia da inflação”. O indicador do IBGE desacelerou a 0,69% em março, impactado, principalmente, pela reoneração dos tributos federais sobre os combustíveis, que puxaram o grupo de Transportes para cima.

    O cenário global também pesava na aversão a riscos dos investidores, com a turbulência do setor bancário ainda se fazendo presente.

    O fato de vários bancos centrais de países desenvolvidos terem subido os juros nos últimos dias, mesmo diante dos riscos financeiros, colaborava para a cautela, disse a XP Investimentos em nota matinal, citando ainda decepção do mercado com leituras de PMIs na Europa.

    Nos Estados Unidos, por exemplo, ações de grandes bancos como JPMorgan Chase, Wells Fargo e Bank of America caíam entre 1% e 2% no início das negociações.

    Na véspera, o dólar negociado no mercado interbancário subiu 1,02%, a R$ 5,289 na venda. O Ibovespa, por sua vez, fechou em queda de 2,29%, aos 97.926,34 pontos – abaixo da marca de referência de 100.000.

    O Banco Central fará neste pregão leilão de até 16 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de maio de 2023.

    *Publicado por Tamara Nassif e Ana Carolina Nunes. Com informações da Reuters

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