Banco Central pode adiantar corte de juros para junho, diz Inter
Projeção anterior era de que isso só aconteceria em agosto, mas aperto no crédito e expectativa por uma nova regra fiscal que ajude a controlar a dívida possibilitam redução da taxa Selic mais cedo
Com um cenário mais apertado de crédito no país e também com a proximidade da apresentação de uma nova regra fiscal para o controle de gastos pelo governo, o Banco Central tem o caminho aberto para adiantar os cortes da taxa Selic, de acordo com relatório do Inter.
A instituição revisou suas projeções e acredita, agora, que o ciclo de reduções na taxa de juros de referência da economia poderá começar em junho, ante a expectativa anterior de que isso aconteceria apenas a partir de agosto.
Com isso, a Selic, hoje em 13,75%, pode encerrar 2023 a 12% e, 2024, a 10%.
“O maior aperto na oferta de crédito doméstico, a queda de preços de commodities com maior risco de recessão global, e a redução do risco fiscal com o novo arcabouço significam uma mudança no balanço de riscos para a inflação prospectiva”, diz o Inter em relatório a clientes.
A projeção de inflação para 2023 não mudou – está mantida em 5,5% ao final do ano -, e sua expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 foi revisada para cima, de 3,7% para 4%.
As mudanças no contexto fiscal, de crédito e de atividade, entretanto, continuam abrindo caminho para que o BC comece a aliviar a taxa de juros mais cedo.
“A inflação de serviços deve desacelerar de maneira mais lenta, ainda pressionada pela alta nos salários e aumento de transferências do governo, e esperamos um impacto inercial maior [para a inflação] em 2024”, diz o relatório.
“Mas isso não deve impedir o ciclo de afrouxamento monetário, mas ser mais lento”, escreveu o banco em seu relatório.
A análise também destaca que os juros reais, que são os juros descontados da inflação, já estão em patamar “extremamente restritivo”. Com isso, “o Copom pode iniciar o processo de redução da Selic de maneira gradual e ainda manter a política monetária restritiva, garantindo a convergência da inflação para ao redor da meta em 2024.”
*Publicado por Juliana Elias