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    Juros elevados diminuem vendas e enfraquecem o comércio, dizem economistas

    Segundo especialistas, além da taxa Selic alta, o tempo de permanência em patamar elevado também é um fator que impacta o setor

    Pedro Zanattada CNN em São Paulo

    A alta taxa de juros e o tempo de permanência em patamar elevado prejudicam o comércio ao desestimular o consumo e encarecer as operações de linha de crédito para as empresas, segundo especialistas consultados pela CNN.

    “Com os juros que estamos, por um longo tempo, isso tem um duplo efeito. Primeiro, o crédito para capital de giro fica mais caro para o comércio varejista. E, segundo, com este patamar da Selic, a economia desacelera. Logo, o consumo diminui e o comércio passa a vender menos”, diz Rodrigo Simões economista e professor da FAC-SP.

    A taxa de juros no início de 2022 era de 9,15% e encerrou o ano no patamar atual de 13,75% ao ano.

    Segundo Simões, o setor, principalmente o comércio varejista, depende em grande medida do crédito para girar o caixa, uma vez que as margens de lucro são baixas. Trata-se, na avaliação dele, de operações que mantém muitas empresas vivas no dia a dia.

    O especialista explica que a queda do consumo aliada às projeções de desaquecimento da economia faz com o crédito fique ainda mais caro.

    Além do impacto no crédito para as empresas, os consumidores também realizam menos empréstimos e financiamentos, opções frequentemente utilizadas para a compra de bens como eletrônicos e eletrodomésticos.

    A avaliação é de que além da dificuldade para conseguir crédito, existe muita inadimplência no Brasil atualmente. Logo, segundo os economistas, os consumidores optam por pagar as dívidas em vez de utilizar o dinheiro no consumo de bens.

    “A atividade econômica vem esfriando. Os juros altos prejudicam vários aspectos para o comércio. Os bens ficam um pouco mais caros, e a maior parte destes é consumida com crédito, parcelamento, financiado no cartão. O nível de inadimplência da população também é prejudicial”, diz o economista Denis Medina.

    Estudo da Serasa Experian mostra que em cinco anos, o número de brasileiros inadimplentes passou de 59,3 milhões para 70,1 milhões, um recorde na série histórica.

    O valor das dívidas também cresceu. Em média, cada inadimplente deve R$ 4.612,30. Em janeiro de 2018, era R$ 3.926,40, um crescimento de 19% no período.

    Economia dá sinais de desaceleração

    Ainda que tenha crescido 2,9% em 2022, a economia brasileira demonstrou, no quarto trimestre, sinais de desaceleração ao recuar de 0,2% em comparação com o período imediatamente anterior.

    “Se olharmos apenas os juros, isoladamente, ele é um vilão. Mas ele está alto para a combater a inflação que ainda é persistente. Temos visto perspectivas de aumento da inflação ao longo desse ano”, diz Medina.

    Na próxima quarta-feira (22), o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), se reúne para decidir sobre a taxa Selic. A expectativa para a reunião é alta por parte dos setores econômico e político.

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