Ações de bancos europeus sofrem maior queda em um ano, apesar de resgate do SVB
Índice de referência Stoxx Europe 600 Banks da Europa, que acompanha sistema bancário da UE e do Reino Unido, caiu 5,6%
Os investidores venderam ações de bancos europeus pelo terceiro dia consecutivo nesta segunda-feira (13), apesar dos movimentos dramáticos dos governos dos EUA e do Reino Unido no fim de semana para fortalecer a confiança no sistema financeiro após o colapso do Silicon Valley Bank na sexta-feira (10).
O índice de referência Stoxx Europe 600 Banks da Europa, que acompanha 42 grandes bancos da UE e do Reino Unido, caiu 5,6% no meio da tarde – registrando sua maior queda desde março do ano passado.
O índice Stoxx Europe 600 mais amplo caiu 2,1%, enquanto o FTSE 100, pesado para bancos, recuou 2,2%.
As ações do banco suíço Credit Suisse caíram 12%, para um novo recorde de baixa, antes de se recuperar. Os papéis do HSBC tiveram queda de 3,8%, do Barclays 5,7%, do Deutsche Bank 4,3% e do italiano Unicredit 7,5%.
As quedas aumentaram os temores de que o segundo maior colapso bancário dos EUA na história possa ser seguido por novas falências de bancos mais fracos.
Isso apesar das intervenções de autoridades de ambos os lados do Atlântico para conter o pânico e da exposição relativamente limitada entre os bancos europeus ao SVB e seus clientes.
“Os investidores ainda estão abalados com os eventos dos últimos dias”, disse Susannah Streeter, chefe de dinheiro e mercados da plataforma de investimentos Hargreaves Lansdown, à CNN.
No domingo, o governo Biden prometeu que os clientes do SVB e do Signature Bank, que foi fechado no domingo, teriam acesso a todo o seu dinheiro a partir de segunda-feira. Rompendo com o precedente, o governo garantiu que mesmo os depósitos não segurados serão devolvidos.
O Federal Reserve também disponibilizará financiamento adicional para instituições financeiras qualificadas para evitar corridas a bancos semelhantes no futuro.
Os bancos dos EUA estão com US$ 620 bilhões em perdas não realizadas – ativos que caíram de preço, mas ainda não foram vendidos – até o final de 2022, de acordo com a Federal Deposit Insurance Corporation.
Não está claro quantas perdas não realizadas os bancos da UE e do Reino Unido estão carregando em seus livros.
As medidas extraordinárias das autoridades norte-americanas foram concebidas para evitar mais corridas aos bancos e para ajudar as empresas que depositavam grandes somas nessas instituições financeiras a continuarem a pagar salários e a financiar as suas operações.
O HSBC, o maior banco da Europa, anunciou nesta segunda-feira que comprou o braço britânico do SVB por uma libra (US$ 1,2), com vigência “imediata”. O Banco da Inglaterra disse aos clientes do SVB UK que todos os seus depósitos estavam seguros.
Grandes perdas na Europa
Ainda assim, os investidores estavam nervosos na Europa, onde as autoridades ainda não prometeram nenhum suporte de liquidez adicional ao setor bancário em geral, como aconteceu nos Estados Unidos.
“O esquema de seguro de depósitos nos EUA é significativamente mais generoso do que na Europa, e há uma expectativa crescente de que o Tesouro dos EUA agirá de maneira rápida para garantir totalmente os depósitos, caso mais bancos se tornem insolventes”, disse Streeter.
Chris Beauchamp, analista-chefe de mercado da plataforma de negociação IG, concorda. Os investidores europeus estão esperando por uma “garantia verbal” do Banco Central Europeu, disse ele, que pode não vir até quinta-feira, quando o próximo encontro para definir as taxas de juros.
“O movimento das autoridades dos EUA é um sinal de que eles estão respondendo rapidamente, enquanto a Europa ainda precisa responder”, disse ele à CNN.
Beauchamp acrescentou que as quedas mais acentuadas nas ações dos bancos europeus até agora vistas nesta segunda-feira podem, em parte, refletir seu desempenho mais forte em relação aos bancos dos EUA neste ano.
O índice Stoxx Europe 600 Banks subiu 21% nas primeiras oito semanas do ano, cerca de 12 pontos percentuais a mais do que o KBW Bank Index, que acompanha 24 dos principais bancos dos EUA. Ambos os índices recuaram desde o início de março.
“Os mercados dos EUA caíram muito mais acentuadamente no último mês”, disse Beauchamp. “Tanto do pessimismo pode ser precificado.”