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    Sob chefia de Troyjo, Banco dos Brics quintuplicou empréstimos ao Brasil

    Dados levantados pela CNN contrariam discurso de que país estaria recebendo pouco financiamento da instituição

    Daniel Rittnerda CNN em Brasília

    Sob a liderança de Marcos Troyjo, indicado à presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) no governo Jair Bolsonaro, a instituição quintuplicou os empréstimos aprovados para o Brasil.

    De 2016 a 2019, a diretoria do Banco dos Brics — como o NDB é mais conhecido — aprovou desembolsos de US$ 1,021 bilhão ao país. Nos três anos seguintes, o volume de novas aprovações aumentou para US$ 4,934 bilhões. Troyjo assumiu o cargo em julho de 2020.

    Os dados, levantados pela CNN junto ao banco, contrariam o discurso de que o Brasil estaria recebendo pouco financiamento da instituição. Nos bastidores, essa tem sido uma das principais críticas à gestão de Troyjo.

    A aceleração dos financiamentos nos últimos anos fez o país saltar para a terceira posição entre os cinco membros dos Brics que mais têm empréstimos aprovados.

    O ranking é encabeçado por China (24%) e Índia (24%). O Brasil vem em seguida (19% do volume total). África do Sul (18%) e Rússia (15%) ficam atrás.

    Os empréstimos para o Brasil incluem projetos de esgotamento sanitário em Manaus (AM), energia solar em Brasília (DF), infraestrutura social em Aracaju (SE) e em Aparecida de Goiânia (GO), mobilidade em Sorocaba (SP) e em Curitiba (PR).

    Na sexta-feira (10), o NDB anunciou a saída de Troyjo, que era secretário especial de Comércio Exterior e Relações Internacionais do Ministério da Economia antes de ocupar o cargo.

    Ele deixará a presidência do banco até 24 de março. É o mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá embarcar para uma visita oficial à China.

    A sede do NDB fica em Xangai. Na viagem, a ex-presidente Dilma Rousseff provavelmente será anunciada como substituta de Troyjo, com mandato até julho de 2025.

    Em entrevista à CNN, em fevereiro, Lula falou sobre sua intenção de indicar Dilma para o comando do Banco dos Brics. “Se depender de mim, ela vai ser [presidente do NDB]”, disse à âncora Daniela Lima.

    “A Dilma é uma figura extraordinária. Se eu não tivesse sido presidente e, sim, ministro político da Dilma, não teria acontecido o que aconteceu. Acho que faltou um pouco de conversa, de paciência, mas ela é uma mulher extraordinária, digna de muito respeito, e o PT adora ela”, afirmou Lula.

    “Ela é muito competente tecnicamente. Se for presidente do Brics, será uma coisa maravilhosa para o Brics e para o Brasil.”

    Troyjo conduziu o processo de expansão do banco e a entrada de quatro novos sócios: Emirados Árabes, Egito, Bangladesh e Uruguai.

    Também sob Troyjo, que era próximo do ex-ministro Paulo Guedes, o NDB manteve sua nota elevada pelas agências de classificação de risco.

    A instituição foi classificada pela S&P, pelo sexto ano seguido, com nota AA+ para operações de longo prazo — rating superior ao dos quatro maiores bancos dos Estados Unidos.

    Outra crítica corriqueira, entre auxiliares de Lula, é que Troyjo está há meses longe da sede do NDB. No entanto, Xangai e as cidades chinesas estavam em permanente risco de “lockdown”, por causa da política de covid zero adotada pelo governo do país até a virada do ano.

    Estrangeiros que chegavam à China precisavam se submeter a uma quarentena de 14 dias em hotéis ou centros públicos, além de outra semana inteira em casa.

    O banco adotou uma política interna de trabalho remoto para todos os seus funcionários. O trabalho podia ser exercido dos países de origem de cada empregado. Nenhum integrante da cúpula do NDB se manteve em Xangai.

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