Como o Silicon Valley Bank faliu em 48 horas? Veja linha do tempo
Principal banco para startups de tecnologia dos EUA está sob controle de reguladores federais
Esta semana, o principal banco para startups de tecnologia dos Estados Unidos se desfez rapidamente, deixando seus clientes e investidores no limbo.
O Silicon Valley Bank (SVB), enfrentando uma súbita corrida aos bancos e uma crise de capital, entrou em colapso na manhã de sexta-feira (10) e foi adquirido por reguladores federais.
Foi a maior quebra de um banco dos EUA desde o Washington Mutual em 2008.
O que é o SVB?
Fundado em 1983, o SVB se especializou em serviços bancários para startups de tecnologia. Forneceu financiamento para quase metade das empresas americanas de tecnologia e saúde apoiadas por capital de risco.
Embora relativamente desconhecido fora do Vale do Silício, o SVB estava entre os 20 maiores bancos comerciais americanos, com US$ 209 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) em ativos totais no final do ano passado, de acordo com o Corporação Federal de Seguro de Depósitos dos EUA (FDIC).
Por que faliu?
Em suma, o SVB encontrou uma clássica corrida ao banco.
A versão mais longa é um pouco mais complicada. Várias forças colidiram para derrubar o banqueiro.
Primeiro, houve o Federal Reserve, que começou a aumentar as taxas de juros há um ano para domar a inflação.
O Fed agiu de forma agressiva e os custos de empréstimos mais altos minaram o ímpeto das ações de tecnologia que beneficiaram o SVB.
As taxas de juros mais altas também corroeram o valor dos títulos de longo prazo que o SVB e outros bancos engoliram durante a era das taxas de juros ultrabaixas, quase zero.
A carteira de títulos de US$ 21 bilhões (cerca de R$ 100 bilhões) do SVB estava rendendo uma média de 1,79% – o atual rendimento do Tesouro de 10 anos é de cerca de 3,9%.
Ao mesmo tempo, o capital de risco começou a secar, forçando as startups a sacar os fundos mantidos pelo SVB.
Assim, o banco estava parado sobre uma montanha de perdas não realizadas em títulos no momento em que o ritmo de saques dos clientes aumentava.
O pânico toma conta…
Na quarta-feira, o SVB anunciou que havia vendido vários títulos com prejuízo e que também venderia US$ 2,25 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) em novas ações para reforçar seu balanço.
Isso desencadeou pânico entre as principais empresas de capital de risco, que supostamente aconselharam as empresas a sacar seu dinheiro do banco.
As ações do banco começaram a despencar na manhã de quinta-feira e, à tarde, arrastavam as ações de outros bancos com elas, pois os investidores começaram a temer uma repetição da crise financeira de 2007-2008.
Na manhã de sexta-feira, a negociação de ações da SVB foi interrompida e ela abandonou os esforços para levantar capital rapidamente ou encontrar um comprador.
Os reguladores da Califórnia intervieram, fechando o banco e colocando-o em liquidação sob o FDIC.
Medos de contágio diminuem
Apesar do pânico inicial em Wall Street, analistas disseram que é improvável que o colapso do SVB desencadeie o tipo de efeito dominó que dominou o setor bancário durante a crise financeira.
“O sistema está tão bem capitalizado e líquido como sempre esteve”, disse o economista-chefe da Moody’s, Mark Zandi. “Os bancos que agora estão com problemas são pequenos demais para serem uma ameaça significativa ao sistema mais amplo.”
Até segunda-feira de manhã, todos os depositantes segurados terão acesso total aos seus depósitos segurados, de acordo com o FDIC. O órgão pagará aos depositantes não segurados um “dividendo antecipado na próxima semana”.
O que vem a seguir?
Portanto, embora um contágio mais amplo seja improvável, bancos menores que estão desproporcionalmente vinculados a setores sem dinheiro, como tecnologia e criptomoeda, podem enfrentar dificuldades, de acordo com Ed Moya, analista sênior de mercado da Oanda.
“Todo mundo em Wall Street sabia que a campanha de aumento de juros do Fed acabaria quebrando alguma coisa, e agora isso está derrubando pequenos bancos”, disse Moya na sexta-feira.
O FDIC normalmente vende os ativos de um banco falido para outros bancos, usando os recursos para reembolsar os depositantes cujos fundos não foram segurados.
Um comprador ainda pode surgir para o SVB, embora esteja longe de ser garantido.