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    1ª morte por Covid-19 no Brasil ocorreu há 3 anos: como a vacinação mudou o cenário da doença

    Avanço da vacinação foi determinante para a redução expressiva no número de casos graves, hospitalizações e óbitos pela infecção causada pelo coronavírus

    Lucas Rochada CNN , em São Paulo

    A primeira morte por Covid-19 no Brasil foi registrada no dia 12 de março de 2020, em São Paulo. O Ministério da Saúde confirmou o óbito, uma mulher de 57 anos, que havia sido internada no dia anterior em um hospital da capital paulista.

    Nos últimos três anos, o Brasil chegou às marcas de mais de 37 milhões de casos e de quase 700 mil mortes causadas pela doença. Ao longo da pandemia, os índices apresentaram oscilação. Em sua maior parte, as chamadas “ondas da doença”, com picos de casos, estiveram associadas à introdução e circulação de diferentes variantes do coronavírus no país.

    A adoção de medidas chamadas não farmacológicas, como o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social contribuíram para a melhoria do cenário epidemiológico. No entanto, o avanço da vacinação foi determinante para a redução expressiva no número de casos graves, hospitalizações e óbitos.

    No Brasil, o acompanhamento dos indicadores da Covid-19 é feito a partir de semanas epidemiológicas.

    O pior cenário no país foi observado na semana de 4 a 10 de abril de 2021, quando foram registrados 21.141 óbitos semanais e o país contabilizava mais de 351 mil vítimas, de acordo com os dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). O dia com o maior número de mortes foi 8 de abril daquele ano, com um total de 4,2 mil vidas perdidas para a infecção pelo coronavírus.

    No contexto anual, foram registradas 195.725 mortes pela doença em 2020, 423.349 em 2021, 74.779 em 2022 e 5.457, até o momento, em 2023.

    Indicadores da pandemia

    A partir da primeira semana de abril de 2021, o número de óbitos no Brasil entrou em tendência de queda – o momento coincide com a maior disponibilidade de doses contra a doença no país. Foram apresentados aumentos ligeiros em junho de 2021 e fevereiro de 2022, mas com índices substancialmente inferiores aos comparados com o recorde da pandemia.

    No início de 2022, o Brasil registrou um recorde no número de casos semanais. Na semana de 23 a 29 de janeiro do ano passado, foram notificados 1.305.447 casos, elevando o total de infecções a mais de 25 milhões no país.

    Estima-se que o aumento na circulação do vírus no período foi potencializado pela introdução da variante Ômicron, altamente transmissível, identificada em novembro de 2021. A alta nas infecções, no entanto, não foi acompanhada em mesmo ritmo pelos indicadores de óbitos. Na mesma semana, o total de óbitos registrado chegou a 3.723.

    No dia 8 de dezembro de 2020, o Reino Unido se tornou o primeiro país do Ocidente a aplicar a vacina contra a Covid-19 fora do contexto dos testes clínicos. No Brasil, a vacinação começou no dia 17 de janeiro de 2021.

    Naquele momento, diante da indisponibilidade de ampla quantidade de vacinas no mercado mundial, o objetivo inicial da vacinação foi reduzir os riscos de adoecimento e de morte. Para isso, o Ministério da Saúde elaborou o Plano Nacional de Operacionalização da Vacina Contra a Covid-19 (PNO), cuja primeira versão foi publicada em 16 de dezembro de 2020.

    O documento listava os grupos de maior risco para agravamento e óbito que deveriam ser priorizados na campanha de imunização, incluindo os trabalhadores da saúde e dos serviços considerados essenciais, população idosa (60 anos ou mais), indígenas, comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas, população em situação de rua e pessoas com comorbidades, entre outros.

    No início de 2021, o Ministério da Saúde enfrentou dificuldades para alavancar a primeira etapa da campanha devido à falta de doses. A dependência de insumos para a produção das vacinas no Brasil pelo Instituto Butantan, no caso da Coronavac, e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), fabricante da AstraZeneca, prolongaram o tempo para a liberação de quantidades maiores de imunizantes para o Programa Nacional de Imunizações (PNI).

    Em abril daquele ano, as duas instituições ainda se viam diante de entraves para cumprir os cronogramas de produção dos imunizantes. De janeiro a abril, o Butantan saiu de um total de 8,7 milhões para 40,7 milhões de doses da Coronavac entregues ao ministério. No mesmo mês, a Fiocruz havia enviado 14,8 milhões de doses da AstraZeneca, sendo 10,8 milhões da produção nacional e 4 milhões de vacinas importadas da Índia.

    A campanha de vacinação ganhou fôlego principalmente a partir do segundo semestre de 2021. No dia 30 de agosto daquele ano, o país superou as 190 milhões de doses aplicadas, entre 129,8 milhões de vacinados com ao menos uma dose, o que representava 81,1% da população vacinável de 160 milhões, e 61 milhões de brasileiros com o esquema vacinal completo, considerando duas doses ou dose única da Janssen.

    No final de agosto de 2021, as médias móveis de infecções e de mortes estavam em queda. Nos dois meses, anteriores as médias haviam caído 61% para casos e 60% para óbitos.

    “Associado à infecção prévia, as vacinas permitiram, de alguma forma, com a combinação de vacina e circulação viral, a diminuição da letalidade da doença. Portanto, quando diminuíram as formas graves, diminuiu a pressão sobre os serviços de saúde, principalmente hospitalares e de emergência. As vacinas permitiram que retomássemos nossas atividades habituais”, afirma o pesquisador Júlio Croda, da Fiocruz.

    Desafios

    Após a dificuldade inicial de abastecimento de doses contra a Covid-19, o Brasil enfrenta uma nova etapa desafiadora da campanha de vacinação: ampliar a cobertura vacinal de segunda dose e das aplicações de reforço.

    De acordo com o ministério, até o dia 9 de março foram aplicadas mais de 508 milhões de doses contra a Covid-19 no país.

    O conhecimento científico revelou que a imunidade conferida pela vacinação ou pela infecção natural pelo coronavírus tende a diminuir com o tempo. Com as doses de reforço, a resposta imunológica recebe um impulso e pode aumentar em mais de cinco vezes a proteção contra casos graves e morte.

    O Ministério da Saúde define os públicos aptos a receber os reforços, bem como a quantidade de doses adicionais para cada grupo populacional, a partir da recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que avalia os benefícios dos reforços.

    O público elegível a receber doses de reforço tem sido ampliado ao longo da pandemia de acordo com novas evidências científicas e a disponibilidade de vacinas. Com a constante evolução do coronavírus, bem como a emergência de novas variantes, fez-se necessário o desenvolvimento de imunizantes atualizados, considerando as novas cepas, como a Ômicron.

    “Mesmo que a vacina tenha altos níveis de adesão, é importante lembrar de fazer o reforço, especialmente por que temos a variante Ômicron em circulação. As medidas de prevenção que temos que manter é testar para a Covid-19 se estiver com sintoma respiratório, praticar o isolamento, completar o esquema vacinal, principalmente as pessoas mais vulneráveis. Além de tomar as vacinas bivalentes, de acordo com a ordem do ministério”, afirma o médico infectologista Álvaro Furtado, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).

    Em março, teve início no país a aplicação das doses bivalentes, que contam com a linhagem original do SARS-CoV-2 e sublinhagens da Ômicron, ampliando a capacidade de proteção.

    Em uma semana, o ministério superou a marca de 1 milhão de doses bivalentes aplicadas no país. Neste momento, elas são oferecidas a grupos prioritários, incluindo idosos acima de 70 anos, imunocomprometidos, funcionários e pessoas que vivem em instituições permanentes, indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Até o dia 9 de março, 1,9 milhão de doses bivalentes foram aplicadas no Brasil.

    O Ministério da Saúde afirma que quem está com doses em atraso pode se vacinar ao mesmo tempo que grupos prioritários. Neste momento, mais de 19 milhões de brasileiros estão com a segunda dose em atraso e não estão completamente protegidos contra a infecção. De acordo com dados divulgados pelo ministério, o número de pessoas que deixaram de receber a primeira dose de reforço chega a 68 milhões. Outros 30 milhões estão atrasados com a segunda dose de reforço.

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