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    Itamaraty atuou para reverter danos à imagem de Bolsonaro após mortes de Bruno e Dom

    Documento obtido pela CNN revela que embaixada do Brasil nos EUA atuou para rebater críticas ao desmonte das proteções da Amazônia após morte de indigenista e jornalista britânico em 2022

    Leandro Resendeda CNN , em São Paulo

    O governo de Jair Bolsonaro (PL), através da embaixada do Brasil nos Estados Unidos, atuou para reverter danos à imagem do ex-presidente no caso das mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philips, ocorridas em junho do ano passado na terra indígena Vale do Javari, no Amazonas.

    Documento obtido pela CNN via Lei de Acesso à Informação revela que um editorial do jornal americano Washington Post com críticas ao ex-governo após as mortes foi chamado de “lamentável escolha por politizar as perdas de duas vidas”, passando, a seguir, a lista realizações do então governo na defesa da Amazônia.

    No texto, publicado no dia 25 de junho de 2022 e intitulado “Bolsonaro desmontou proteções na Amazônia. E agora dois homens estão mortos”, o Washington Post faz críticas à postura do ex-presidente diante do episódio e lembra que ele “responsabilizou os dois homens pelas suas próprias mortes”.

    “Realmente duas pessoas apenas em um barco, em uma região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer”, declarou o ex-presidente à época, citado no editorial.

    “O senhor Bolsonaro deixou claro seu descaso com a Amazônia e sua importância crucial para o futuro do planeta”, escreveu o jornal americano para, a seguir, citar o “desmonte do Ibama” e acusar a retórica usada por Bolsonaro de “encorajar criminosos”.

    Em resposta ao editorial o então embaixador Nestor Forster Jr escreve que tão logo houve a confirmação do desaparecimento de Bruno e Dom, “as autoridades brasileiras deram início a meticuloso esforço de busca”.

    Não há menção às falas de Bolsonaro sobre o episódio no texto encaminhado ao Washington Post.

    Sobre as afirmações do editorial acerca do desmanche da estrutura de proteção da Amazônia, a embaixada sublinha que estas “não têm respaldo em fatos” e passa a listar uma série de iniciativas do ex-governo brasileiro na área ambiental. “[O governo] tem fortalecido medidas de combate ao crime ambiental naquela região, incluindo o desmatamento, cujo pico, nos últimos 20 anos, foi atingido em 2004”, diz o texto.

    A CNN procurou o Ministério das Relações Exteriores, a defesa de Bolsonaro e a embaixada do Brasil nos EUA e aguarda retorno.

    Forster foi retirado da embaixada brasileira em janeiro deste ano pelo governo Lula, que ainda não indicou seu sucessor.
    Mobilização de embaixadas

    Em fevereiro, a CNN mostrou que sob Bolsonaro, a embaixada no Brasil na França foi mobilizada para demonstrar “indignação” com questionamentos feitos sobre o envolvimento do governo com a investigação do caso Marielle Franco – vereadora assassinada em 2019, cujo crime até hoje não teve solução completa.

    Em um telegrama obtido pela CNN via Lei de Acesso à Informação, o então embaixador do Brasil na França, Luís Fernando Serra, questionou o fato de a repercussão da morte de Marielle não ter tido o mesmo tratamento da facada que quase matou Bolsonaro, em setembro de 2018.

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