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    Protesto de 1 milhão contra reformas previdenciárias na França paralisa refinarias

    Greves em massa também deixaram milhares sem eletricidade

    Pierre BairinAurore LaborieHanna Ziadyda CNN , Paris/Londres

    Refinarias de petróleo em toda a França foram bloqueadas na terça-feira por trabalhadores que participaram de um protesto de 1 milhão de pessoas contra os planos do governo de aumentar a idade de aposentadoria.

    Greves em massa também deixaram milhares sem eletricidade e interromperam escolas, aeroportos e trens, enquanto o maior sindicato do país, CGT, instava as pessoas a “paralisar a França”.

    A polícia disse que cerca de 1,28 milhão de pessoas participaram dos protestos em toda a França, incluindo 81 mil em Paris.

    A capital sofreu o impacto das greves, com a maioria das linhas do metrô funcionando apenas nos horários de maior movimento, segundo a agência de transportes da cidade, RATP.

    O principal sindicato da educação, FSU, disse no domingo que 120 escolas fechariam durante o dia e 60% dos professores primários estariam em greve na capital francesa.

    A autoridade de aviação civil da França, por sua vez, pediu às companhias aéreas que reduzissem os voos regulares em 20% e 30% nos aeroportos Charles de Gaulle e Orly, em Paris, respectivamente.

    A Air France disse que cerca de 20% dos voos de curta distância seriam cancelados, mas os serviços de longa distância seriam mantidos. A companhia aérea alertou, no entanto, que “atrasos e cancelamentos de última hora não podem ser descartados”.

    A EasyJet e a British Airways também cancelaram voos.

    A operadora ferroviária nacional SNCF disse que pouquíssimos trens regionais iriam operar e que quatro dos cinco trens do TGV, o serviço ferroviário intermunicipal de alta velocidade da França, seriam cancelados. Os serviços permanecerão “fortemente interrompidos” na quarta-feira, acrescentou.

    Os cancelamentos já estão afetando os trens Eurostar que conectam as principais capitais europeias, inclusive entre Londres e Paris, e Londres e Amsterdã, com interrupção prevista para se estender até quarta-feira.

    As entregas de combustível para postos de gasolina também podem ser afetadas. Eric Sellini, da CGT-Chimie, o principal sindicato da indústria do petróleo, disse à CNN que os trabalhadores estavam impedindo que as remessas saíssem das refinarias de petróleo em todo o país. Em algumas refinarias, o bloqueio vai continuar até o final da semana, disse Sellini.

    A Total Energies confirmou que os embarques de suas refinarias foram bloqueados na terça-feira, mas disse que os estoques nos postos de gasolina estavam em níveis elevados.

    “Nossas equipes estão mobilizadas para atender a uma demanda que pode ser maior do que o normal e contamos com recursos logísticos adicionais caso seja necessário”, informou a empresa em comunicado.

    Mais de 40% dos trabalhadores da empresa de energia francesa EDF estavam em greve na terça-feira, de acordo com um porta-voz.

    Outro fornecedor de energia, a Enedis, disse que até 4.000 clientes em Boulogne-sur-mer, no norte da França, perderam eletricidade na manhã de terça-feira. A empresa culpou os trabalhadores sindicais em greve pelos cortes de energia.

    Em Charleville, também no norte da França, cerca de 1.100 residências e empresas ficaram sem gás natural durante grande parte da terça-feira, disse o representante do sindicato de energia Nadège Guth ao jornal local L’Ardennais em uma entrevista em vídeo, acrescentando que os clientes seriam reconectados a partir do noite.

    Greves “subindo uma marcha”

    A França sofreu uma série de greves este ano, enquanto os trabalhadores protestam contra as reformas previdenciárias planejadas pelo presidente Emmanuel Macron.

    As reformas aumentarão gradualmente a idade em que a maioria dos cidadãos franceses pode receber uma pensão do Estado de 62 para 64 anos.

    Os sindicatos por trás dos protestos de terça-feira pediram um sétimo dia de ação em 11 de março.

    “Até hoje essas enormes mobilizações, impulsionadas por um grupo unido de sindicatos, não tiveram resposta do governo. Isso não pode durar. O silêncio do presidente constitui um grave problema de democracia”, afirmaram os sindicatos em entrevista coletiva conjunta.

    Mais de 1 milhão de pessoas também participaram das manifestações em 19 de janeiro, que paralisaram o país e fecharam a Torre Eiffel para os visitantes.

    O governo disse que a legislação previdenciária é necessária para enfrentar o déficit de financiamento, mas as reformas irritaram os trabalhadores em um momento em que o custo de vida está subindo.

    O ministro do governo, Gabriel Attal, denunciou alguns manifestantes por pedirem que a economia francesa ficasse “de joelhos”.

    “Sempre ouvimos aqueles que se opunham a essa reforma em um quadro democrático”, disse ele no Senado.

    A legislação está atualmente perante os legisladores franceses, com uma votação sobre a versão final do texto prevista para o final deste mês.

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